O presidente eleito Jair Bolsonaro está prestes a assumir o mais alto cargo público do país sob a expectativa de um expressivo percentual da sociedade que vê as suas intenções e as de sua equipe no caminho certo, conforme pesquisas de opinião. Não são fáceis os desafios que o aguardam. Os mesmos levantamentos indicam a vontade de uma parcela importante da população de obter respostas efetivas para a saúde pública, para o desemprego, contra a corrupção, por mais segurança pública e mais educação de qualidade. O novo governo precisará fornecer respostas rápidas e deixar claro como pretende vê-las encaminhadas no Congresso, em favor de todos os brasileiros e baseado na Constituição.
Infelizmente, o presidente eleito tem insistido em estratégias que fariam algum sentido para alguém na condição de candidato, não no comando de um país com a complexidade do Brasil. É o caso da opção por atuar sem "intermediários", entre os quais inclui a mídia, preferindo se manifestar pelas redes sociais, nas quais falta o contraditório. Em consequência, muitas questões ficam sem resposta, algo incompatível com suas promessas de intransigência em relação a deslizes éticos.
O apoio majoritário a um candidato que se elegeu com uma diferença de 11 milhões de votos em relação ao seu oponente, porém, amplia sua responsabilidade na realização de compromissos de campanha. Entre esses, estão a eliminação de privilégios, a privatização de empresas ineficientes, o fim das barganhas políticas que transformam qualquer votação num balcão de negócios, a redução do tamanho do Estado e do próprio poder concentrado em Brasília. A reconfiguração do primeiro escalão, com superestruturas para a economia e para a segurança, além de uma racionalização no número de pastas, é um sinal dessa disposição na prática, que precisa contar com o aval dos brasileiros.
Se conseguir fazer a atividade econômica avançar e contribuir para uma redução nos índices de corrupção e de criminalidade, o futuro governo federal já terá dado uma contribuição importante para o país. Os brasileiros estão conscientes da urgência de reformas como a da Previdência e anseiam por crescimento e segurança com democracia, além de respeito à Constituição e decisões republicanas, que contemplem a todos, indistintamente.