Por Michel Gralha, advogado
As eleições ocorreram e os resultados, até então inesperados, passaram a ser o desejo dos brasileiros nos últimos dias. Se, há seis meses, disséssemos que teríamos Bolsonaro como presidente, isto seria completamente afastado por especialistas, imprensa e, principalmente, pesquisas. Tínhamos uma série de informações que levavam a outros prognósticos. Porém, à medida que as campanhas foram acontecendo, a maioria da população passou a fazer escolhas por exclusão.
De um lado, um candidato inicialmente interino que representava um partido cujo líder, depois do devido processo legal, foi condenado pela Justiça; de outro, um político novato na corrida presidencial, com histórico truculento no posicionamento de suas ideias e na esfera dos direitos das minorias. E, neste ponto, tem-se a grande polarização. A fala elegantemente mansa voltada para o social, com grande prejuízo ético marcado na sua história partidária, e a fala agressiva, sem muito filtro político, porém com a sinceridade exacerbada do descomprometimento em agradar. Neste sentido, as cartas estavam na mesa e tínhamos apenas duas! Tratava-se do continuísmo ou do rompimento com o atual modelo esquerdista ou, o que é pior, pseudodireita, que comanda o Brasil há décadas, muito difícil de afastar, haja vista o aparelhamento de instituições, imprensa, universidades, escolas, sem falar na concessão de privilégios que tornam parte da população interessada na manutenção do status quo. E, por incrível que possa parecer, a população, na sua grande maioria, escolheu um caminho inédito, dando uma clara demonstração de que cansou de políticas assistencialistas que prejudicam a livre iniciativa e nos aproximam de países ditatoriais, com discursos vazios, em que só os “amigos do rei” prosperam.
O brasileiro quer trabalhar, quer acreditar que sua força individual é capaz de mudar a sua história. Quer investimentos no setor privado e público. Enfim, quer uma vida melhor, livre, sem depender do Estado ou sustentá-lo quebrado e corrupto.