Por Paula Schild Mascarenhas, prefeita de Pelotas (PSDB)
Ele é humano. Essa frase simples encerra várias acepções. Me detenho especialmente em duas. A primeira, aquela em que, diante da condição de ser humano, sabemos tratar-se de um mortal, de alguém que ama e ri, que chora e sente medo, que hesita e tem momentos de sublime inspiração. Alguém que se emociona, sente dor, tem coragem, pede um ombro amigo. Alguém como nós.
A segunda, aquela que exprime uma qualidade do homem sensível, empático, capaz de olhar o outro, ouvi-lo, sentir suas dores. Junto com a imagem desse atributo, outros, acessórios, juntam-se a ele: a simplicidade, a gentileza, o afeto, a sinceridade.
A primeira frase do texto foi minha resposta imediata diante de uma provocação que está na origem deste artigo: "O que esperar do governador Eduardo Leite?".
Conheço bem o Eduardo, tive o privilégio de acompanhar de perto sua gestão como prefeito de Pelotas, na condição de vice-prefeita; tive a alegria de tornar-me sua amiga e confidente; tive a oportunidade rara de assistir à construção e ao amadurecimento de um grande homem público.
O Eduardo é um líder nato, e por isso mesmo, alguém que subirá as escadarias do Piratini sem se distanciar de sua autenticidade, de suas raízes, de sua forma simples de ser. E vai ao encontro dessas características um dado que me parece extremamente relevante: o Eduardo talvez seja o único governador eleito no Rio Grande Sul que teve sua vida e maturidade política exclusivamente construídas num município do Interior. Se a maioria de nossos governadores não nasceu na Capital, foi em Porto Alegre, Brasília ou Rio de Janeiro, se considerarmos os mais antigos, que se afirmaram na vida pública e ganharam visibilidade estadual. O Eduardo, ainda que com os olhos no mundo, guarda em si um pouco da alma provinciana, daqueles políticos que vão de casa para o trabalho a pé, encontram-se e conversam com eleitores, estão ao alcance de todos. Um líder de dimensões humanas.
Eu poderia falar aqui na capacidade de trabalho, na inteligência, no bom senso e no bom humor, na intuição, outras de suas virtudes. Contar como agiu tantas vezes diante de dificuldades que pareciam insolúveis, de como teve coragem de enfrentar problemas históricos, sempre com o interesse público a guiar-lhe os passos. Poderia relatar fatos vividos por quem administrou brilhantemente um município polo de uma região empobrecida, com recursos escassos e demandas crescentes. Deveria talvez relembrar seus compromissos de campanha, seu projeto para o Estado.
Parece-me, porém, que digo com mais precisão quem é o Eduardo ao reinterpretar uma expressão do seu jingle de campanha: agora um de nós foi eleito governador.