Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo PARIT S/A
O quadro eleitoral mostra uma polarização perfeita que se estabelece tal tempestade natural estimulada pelas diferenças de temperatura do ar com vento, granizo e destruição por onde passa. Aqueles que não encontram explicação para o fenômeno sentem uma espécie de medo, que faz brotar iniciativas histéricas, beirando o ridículo, apoiadas por visões de futuro apocalípticas e que invocam conceitos dos mais retrógrados. Tudo, na maioria dos casos, tentando explorar o éter de uma sociedade como a brasileira: a ignorância.
Diante disto, volta-se ao tema da análise de causa. Aposto na existência de um movimento vivo e questionador do “sistema” que aí está. Este grande mecanismo gerado a partir da Constituição de 1988, dita cidadã, mas que criou o gigantismo do Estado brasileiro e um protecionismo exagerado beneficiando a classe política e as corporações. Uma colcha de direitos impagáveis, complexa a ponto de não ter sido regulamentada até hoje em itens fundamentais e servil a quem sabe usá-la em causa própria. Ali se consubstanciam crassos defeitos nos poderes da nação, nos processos fundamentais do país como o político, o fiscal e o que se entende por social. Ali cristaliza-se a imunidade para mais de 40 mil brasileiros pelo simples fato de representarem politicamente alguém, um absurdo global já que na Alemanha, por exemplo, há apenas uma pessoa com esta proteção. Uma carta que criou o abismo injusto entre o brasileiro que trabalha no setor público e o que trabalha no setor privado tendo este que arcar com o beneficio do primeiro. Assim, o “sistema” não se sustenta e as reformas são urgentes. Tudo isto se reflete na opinião pública que está defenestrando aqueles que representam tal situação. Ao se falar em reescrever a Constituição não existe nenhum absurdo. Caminho difícil mas que, mais cedo ou mais tarde, há de ser trilhado por absoluta incompetência do texto atual. A forma pela qual isto será feito deve ser uma que privilegie o conhecimento, a comparação com cartas mais simples de países que dão certo e uma abertura para a participação da cidadania através de uma representatividade democrática na Constituinte. Não bastam somente políticos para escrever a nova ordem, gente notável tem de ser chamada para criar algo plural e imune a conjunturas ideológicas. Esta é a solução para o Brasil e não apenas mais uma eleição...