Por Carlos Alberto Gianotti, professor de física aposentado e editor
Tem-se mais do mesmo, nada de surpreendente nos recentes resultados ora divulgados sobre desempenho do alunado dos ensinos fundamental e médio. Sete em dez alunos do Ensino Médio mostram insuficiência em língua portuguesa e matemática. A escola pública há muito deixou de ensinar e a privada apresenta padrões aceitáveis desde que não tenha adotado improváveis propostas pedagógicas do tipo freireana. Sejamos objetivos: haverá responsáveis diretos por tal situação?
O Sindicato dos Professores Estaduais, Cpers, teve a sem-cerimônia de veicular recentemente, em painéis de rua, mensagem com assertiva equivalente a "fechar escolas é abrir presídios". Em si, revelam os professores formuladores da assertiva questionável constituição lógico-cognitiva. Querem fazer crer que escolas são infecháveis; mesmo aquelas às moscas, com raros alunos e três dezenas de professores e funcionários a os atender, devem funcionar às expensas do erário com custos substanciais pela relação numérica aluno/professor-funcionário. Pela ilógica ou má-fé de certos docentes, fechar escolas equivale a abrir presídios. Quem estabelece relações dessa ordem pouco professará coerentemente, porque em classe também as expressará.
Cogito sobre qual seria o resultado se professores colegiais fossem submetidos a avaliação rigorosa envolvendo os conteúdos que dizem ensinar, uma prova de redação e outra de interpretação de texto – capacidades pressupostas para educadores. Seriam muito superiores aos resultados obtidos pelos escolarizados ora divulgados?
Quem sabe, uma solução para a melhoria da qualidade do ensino-aprendizado em aula – além de cursos para qualificar docentes em exercício – seria extinguir por um período com a "reserva de mercado" para a categoria dos professores escolares, os licenciados como eu, e se realizar concurso exigente de que qualquer graduado possa participar – engenheiro para ensinar matemática e física, advogado para língua portuguesa, médico para biologia e química, arquiteto para artes e história, como acontecia até os anos 1960 – todos com salário inicial, digamos, equivalente ao de juiz estadual de primeira instância. Isso agregaria valor ao mercado de trabalho e na formação escolar da juventude. Claro, a corporação viria a toda, em nome de uma deontologia sempre desconsiderada.