É inquestionável a relação entre a pesquisa e o desenvolvimento, nos mostram as sociedades mais avançadas do planeta. A ameaça de redução nas verbas repassadas pelo governo federal à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) gerou uma previsível reação no meio acadêmico, movimento deflagrado por um ofício alertando sobre eventuais cortes de financiamento para 200 mil bolsistas brasileiros. Mais do que uma possibilidade concreta, o documento tem um caráter político vinculado à legítima pressão pela manutenção dos recursos.
Estudantes de pós-graduação, apoiados por verba federal, são responsáveis pela maior parte do que é produzido de conhecimento no país – em áreas que vão das razões da criminalidade à formulação de vacinas.
A Capes é uma das mais importantes agências de fomento à pesquisa e à formação de docentes do país. O presidente Michel Temer tem até 14 de agosto para sancionar ou não o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2019, que prevê os cortes.
Nenhum país socialmente desenvolvido vive sem pesquisa.
O Brasil registrou avanços importantes nos últimos anos, a ponto de constar hoje entre os 15 países que mais produzem ciência no mundo. Ainda assim, por questões de eficiência ou de comunicação, principalmente no ensino público, a sociedade não consegue perceber, na plenitude, os resultados concretos dos investimentos nessa área.
É fundamental disseminar na sociedade brasileira, cada vez mais, a convicção sobre a relevância da pesquisa e da inovação, muitas vezes eclipsada pelas limitações de segmentos do próprio meio acadêmico, ainda herméticos e excessivamente autofocados, além de refratários a parcerias com setores ativos da economia, graças a resquícios de ranço ideológico.
Avanços já foram feitos, mas é preciso caminhar cada vez mais na direção dos resultados mensuráveis, mesmo que não imediatos, para que se estabeleça, em definitivo, uma relação transparente e ampla entre investimentos públicos e entregas concretas para a sociedade. É justamente nessa sombra que governos sentem-se confortáveis para cortar investimento em setores fundamentais, como é o da pesquisa.