A primeira pesquisa do Ibope para o governo do Estado demonstra que o eleito para ocupar o Palácio Piratini a partir de janeiro vai se defrontar não só com uma situação piorada das finanças públicas, mas também com demandas que se mantêm nos últimos anos e se intensificam entre um percentual ainda mais elevado de eleitores. O levantamento, divulgado agora por veículos da RBS, deixa evidente que as preocupações são as mesmas demonstradas na primeira sondagem feita em 2014. É o que ocorre nas áreas de saúde, apontada agora por 79% dos entrevistados, segurança pública (59%), educação (49%) e, em menor percentual, mas igualmente elevado, corrupção e geração de empregos, ambos com percentual de 21%.
Pelo menos nas três demandas mais citadas, há uma interligação evidente entre elas. Sem investimentos eficazes em educação, a tendência é se intensificarem os problemas de segurança pública. Quando uma e outra área não são devidamente atendidas, ampliam-se as queixas na saúde. Por isso, é preciso que, ao longo da campanha, os candidatos possam expor claramente seus planos, explicando como pretendem enfrentar uma situação de orçamento deficitário com as pressões por soluções em áreas essenciais. É uma forma de evitar que, daqui a quatro anos, a população gaúcha esteja novamente às voltas com os mesmos desafios. E isso simplesmente porque o poder público não vem conseguindo, nas últimas administrações, dar respostas minimamente satisfatórias a essas áreas essenciais.
A consequência imediata pode ser vista na perda de qualidade de vida entre os gaúchos medida pelo Índice de Desenvolvimento Estadual-RS (iRS), que hoje será tema de debate durante fórum em Porto Alegre. O Rio Grande do Sul foi ultrapassado pelo Paraná justamente pelo mau desempenho em educação, em consequência principalmente da elevada distorção entre idade e série cursada. Pesou também o aspecto longevidade e segurança, impactado pelo aumento no número de homicídios e no índice de mortalidade infantil. Os dados estão afinados com a percepção dos eleitores na pesquisa do Ibope.
O fato de as preocupações da população no Rio Grande do Sul terem se ampliado em áreas como saúde, segurança pública e educação desafia os candidatos ao Piratini a apresentarem saídas viáveis. O Estado não tem mais como esperar para enfrentar sua crise financeira, equilibrar as contas públicas e retomar o fornecimento de serviços de qualidade para os cidadãos.