Por Adriana da Silva Lockmann, nutricionista do Banco de Alimentos do Rio Grande do Sul - FIERGS, doutoranda em Ciências da Saúde (Epidemiologia) e mestre em Gerontologia Biomédica - PUCRS
O projeto de lei que proíbe a venda de produtos como balas, pirulitos, refrigerantes e salgadinhos industrializados nas cantinas de escolas públicas e privadas do Estado é uma estratégia preventiva para conscientizar e combater a obesidade. O consumo demasiado destes alimentos leva a sobrepeso e obesidade.
Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência de obesidade passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016, sendo uma em cada cinco pessoas no País está acima do peso.
O problema está no desequilíbrio das escolhas alimentares, refletindo a baixa qualidade da dieta do Brasileiro. Ao realizarmos educação alimentar, ensinando a classificação dos grupos alimentares, ou pirâmide dos alimentos, existe uma recomendação para o consumo de doces e gorduras, sendo uma pequena quantidade.
Segundo os dados da Pesquisa Orçamentária Familiar - POF (2008-2009), o consumo alimentar no Brasil é principalmente constituído de alimentos de alto teor energético e baixo teor de nutrientes, configurando uma dieta com déficits de importantes nutrientes, podendo ocasionar obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão arterial sistêmica, cardiovasculares e neoplasias). Menos de 10% da população atinge as recomendações de consumo de frutas, verduras e legumes; e alto consumo de bebidas com adição de açúcar, os quais são particularmente referidos pelos adolescentes. A mediana de consumo de sucos e refrigerantes é de 122 ml diários, sendo o consumo médio dessas bebidas entre adolescentes é maior que o dobro da média dos adultos e idosos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde - (OMS, 2010), o impacto do tratamento das doenças relacionadas ao sobrepeso e à obesidade tem acarretado em um aumento dos gastos para o sistema de saúde, incluindo também os custos sociais, tais como: diminuição da qualidade de vida, problemas de ajustes sociais, perda de produtividade, aposentadorias precoces por incapacidade.
O ideal seria levarmos ao conhecimento da população a forma de realizarem suas escolhas alimentares de forma saudável e prazerosa, realizando educação ou reeducação alimentar para toda população. Outra forma de contribuir para a saúde e o combate ao excesso de peso, foi a Lei 13.666/2018, que estabelece aos currículos dos ensinos fundamental e médio, incluir o assunto educação alimentar e nutricional nas disciplinas de ciências e biologia, respectivamente.
No último ano, o Banco de Alimentos realizou educação alimentar a mais de 2000 indivíduos em Instituições de Porto Alegre; dentre crianças, adolescentes, funcionários e dirigentes de instituições comunitárias; através de cinco projetos de promoção da saúde: Nutrindo o Amanhã, Primeiros Passos, Cozinha Nota 10, Passos da Longevidade e Oficina do Sabor.