Por Silvia Rocha Müller, nutricionista
A lei que proíbe a venda de produtos que prejudicam a saúde dos alunos nas cantinas de escolas públicas e privadas demorou a permear pelo nosso Estado, porém chegou "antes tarde do que nunca". É de extrema importância abordar o assunto enquanto estamos em um momento bastante delicado, no qual grande parte das crianças e adolescentes está acima do peso e em um quadro relativamente não saudável.
Desde o início da minha carreira, que hoje já tem mais de 20 anos, lembro que um dos grandes problemas nas escolas era a oferta de balas, salgadinhos, refrigerantes e tantos outros produtos que não ofereciam uma alimentação saudável. Os pais e educadores não percebiam que esses respectivos lanches e bebidas poderiam ter sérias consequências para a saúde de seus filhos e alunos. É assustador perceber o prejuízo que causam em uma geração, como problemas de saúde e dependência enorme de alimentos açucarados. O tempo passou e permitimos que muitas doenças surgissem decorrentes desse descuido.
Segundo estudo da Federação Mundial de Obesidade de Crianças e Adolescentes, 268 milhões de crianças e adolescentes entre cinco e 17 anos estarão acima do peso em 2025. E a projeção é de 91 milhões de obesos em menos de uma década. E, de acordo com esta pesquisa, 28 milhões terão hipertensão, 39 milhões estarão com gordura no fígado e 4 milhões com diabetes tipo 2 (doença que, em geral, atinge as pessoas mais velhas).
Ao refletirmos sobre o assunto e considerarmos que nossas crianças de hoje serão os adultos de amanhã, podemos analisar e comprovar a importância de restringir o uso desses alimentos no cotidiano das escolas. Esta lei, portanto, chegou para nos auxiliar e, além disso, para nos conscientizar sobre um caminho correto para uma vida escolar saudável. É necessário não somente o apoio dos pais, mas também o da escola, para que exista uma "rede" com informação e cooperação entre si, para que seja efetiva e que funcione em prol das crianças e dos adolescentes.
Imprescindível também considerar essa proibição como uma ferramenta para podermos limitar, direcionar e valorizar o poder dos alimentos na vida deles. Como nutricionista, posso afirmar que uma boa alimentação pode auxiliar tanto na questão física quanto a redução e/ou prevenção de doenças, como também no comportamento dos alunos viabilizando maior concentração, mais disposição e melhor aprendizado. A lista de questões favoráveis diante dessa regulamentação é extensa e determinante para refletirmos e nos reinventarmos enquanto pais, educadores e alunos. Pensando sempre que, ao investir em uma alimentação balanceada e nutritiva, estaremos favorecendo e fortificando o bem-estar e a saúde de todos.
Foi, portanto, um grande passo para um futuro melhor e com qualidade de vida.