Por Eduardo Jablonski, mestre em Literatura Brasileira
Faz anos que leio artigos sobre literatura nos grandes veículos de comunicação do Estado e somente uma vez, há uns 30 anos, li um texto em referência a Carlos Nejar na mídia local, cujo tema era o mesmo que estou levantando agora: por que o silêncio em torno do Imenso Poeta? Quem teve o privilégio de conviver com ele sabe que se trata de uma pessoa que respeita a todos, ressalta a qualidade de todos e se comporta com humildade em quaisquer situações.
O que me sensibilizou e me impeliu a escrever este pequeno artigo é uma fala que Nejar repetiu nas dezenas de entrevistas que concedeu aos mais variados programas de televisão no país (reproduções que se encontram no Youtube): que se considera um homem do pampa e que os nossos pagos estão sempre com ele em todos os lugares aonde vai e em tudo que escreve. É uma pessoa que ama o povo gaúcho, ama a cultura do Sul, cita o pampa e suas qualidades em todos os seus livros, porém, mesmo assim, o nosso povo ou a nossa imprensa (o que é a mesma coisa, porque é a imprensa que pauta os cidadãos) nem se importa com o seu trabalho, com a sua importância como poeta e como personalidade.
Claro que nós temos grandes poetas: Armindo Trevisan, Luiz Coronel, Luiz de Miranda, José Eduardo Degrazia, Rossyr Berny, Jaime Vaz Brasil, Joaquim Moncks, Élvio Vargas, Borges Netto (em Gravataí), Luiz Nicanor (em Santo Antônio da Patrulha), Delalves Costa em (Osório). Porém Carlos Nejar é o único membro da Academia Brasileira de Letras, uma vez que tomou posse em 1989. É autor de mais de 70 obras, entre poesia, ensaio, conto, crítica literária, literatura infanto-juvenil. Nada menos do que a Academia Brasileira de Letras o indicou ao Prêmio Nobel de Literatura em 2017 e 2018. E Nejar tem pelo menos dez prêmios literários importantes no país. Além disso, a sua poesia não se repete, apesar do extenso volume, com figuras de linguagem sofisticadas em quase todos os versos. Seus romances serão lembrados como hoje é um Guimarães Rosa, em virtude da invenção de linguagem.
Então por que ninguém fala dele?