Por Antônio Augusto Mayer dos Santos, advogado e professor de Direito Eleitoral
A disputa senatorial, embora revestida de inequívoca importância, na maioria das vezes fica relegada a um plano secundário. Esse fenômeno atualmente tem causas concretas e de fácil percepção. Afinal, ainda que alguns insistam na retórica bolorenta de que o senador representa a unidade estadual e não o povo, isso é uma questão que nem os próprios mandatários levam em conta no dia-a-dia. Eles também são intérpretes da vontade popular e, por conta disso, sofrem os desgastes do cargo.
De fato, não obstante o Senado brasileiro ser considerado por estudiosos e analistas, inclusive internacionais, um dos mais poderosos dentre as democracias contemporâneas, o seu rendimento ultimamente tem deixado a desejar. Outro componente a depreciá-lo está nos mandatos de quase uma década, os quais ficam petrificados e distanciam os senadores da população. Some-se a isso o histórico atribulado das últimas legislaturas com votações contrariando os interesses mais legítimos da sociedade e o resultado não poderia ser outro: a Câmara Alta vive um desgaste titânico.
Relativamente à ótica eleitoral, a situação não difere muito da institucional. De início, porque as campanhas senatoriais quase sempre ficam espremidas entre as escolhas para deputados, governador e presidente. Depois, que os debates de rádio e TV em torno das cadeiras a preencher raramente desfrutam da mesma audiência daqueles que são proporcionados aos candidatos que rivalizam pelo executivo estadual ou Palácio do Planalto. Por fim, verdade seja dita: a maioria da população desconhece as atribuições dos senadores, mesmo as mais elementares.
Indiscutivelmente, é momento de valorizar os dois votos para senador de 2018. No Rio Grande do Sul, diante dos nomes anunciados, a maioria deles bem conhecida dos eleitores, a disputa reúne ingredientes para ser uma das mais intensas e, espera-se, qualificadas. Em função de acontecimentos recentes, é essencial avaliar quem pretende dispor de competência para apresentar projetos, votar Impeachments, sabatinar candidatos aos tribunais superiores, julgar ministros do STF, arguir o Presidente do Banco Central e outras. Em suma, dois meses de atenção ou omissão definem oito anos de mandato. Vale à pena refletir.