Por Tatiana Françoies Motta, economista
Todo mundo quer ser feliz. Há livros, cursos, vídeos, palestras e terapias de todos os tipos partindo dessa premissa. Nos últimos dias ouvi sobre duas universidades oferecendo disciplinas sobre felicidade no currículo de cursos superiores. Parece que o assunto é discutido desde o ponto de vista médico até o místico, passando pelo pedagógico. Nada contra a felicidade, também ando atrás dela. Só não tenho certeza se persegui-la assim dá resultado.
Quando penso nos meus filhos e nas outras pessoas que amo, quero que sejam felizes, claro. Mas não sei se isso é de fato o mais importante. Ser equilibrado e viver em paz, acho que é muito importante. Ter saúde, fundamental. Mas em termos de metas de vida, torço para que eles sejam boas pessoas, que possam ser úteis e fazer a diferença para um mundo melhor, que sintam-se satisfeitos com sua vida e suas conquistas. Ser feliz será consequência, eu espero.
Acho que é uma tendência da cultura ocidental, talvez não seja assim em todo o lugar. O fato é que atualmente a busca pela felicidade alimenta um enorme mercado, porque o mundo nos convence que ser feliz depende do consumo. E desde roupas até viagens, cursos, terapias ou experiências, tudo é consumo. Consumimos antidepressivos, livros sobre meditação, treinamentos e vivências, porque precisamos ser felizes. Mas como um comportamento social generalizado, acaba sendo um pouco egoísta. Cada um pensando só na sua felicidade, não sei se é uma boa ideia. Seria melhor se entre nossos objetivos estivessem: sermos úteis, íntegros, responsáveis, solidários, compassivos.
Essa obsessão por felicidade a qualquer custo, como a meta mais importante, um objetivo onipresente, acaba sendo uma tortura. Se não estamos constantemente felizes é como se tivéssemos fracassado na nossa trajetória de vida. Gera ansiedade e frustração. Penso que a felicidade não tem como ser um estado permanente. Tristeza também é natural, talvez até fundamental. O melhor seria buscarmos objetivos diversos, e entre outras conquistas, a felicidade. Ou talvez eu só precise fazer um curso...