Por Carlos A. Diehl, professor do doutorado e mestrado em Contábeis, consultor em Estratégia e Governança
Em quase todos os países o esporte movimenta em torno de 2% do PIB. Entre todos o futebol é o mais significativo, representando no Brasil cerca de 1,8% do PIB. Ademais, há no país 30 mil jogadores profissionais e 700 clubes registrados; considerando aqueles que trabalham em atividades relacionadas ao futebol este número chega perto de um milhão!
Clubes de futebol são também empresas e, como tal, tem seu público; atendê-lo é parte vital de seu funcionamento. Têm uma grande vantagem em relação a essas: a fidelidade dos seus "clientes", pois conquistam seu coração. Empresas devem aprender como os clubes conquistam e mantém seus clientes, mesmo em tempos bicudos. A dica? Conquiste a alma e o coração deles!
Por serem empresas clubes precisam também governança. Mas, diferentemente, não tem claramente um proprietário e, portanto, exigem estruturas distintas. Diversos stakeholders que atuam direta ou indiretamente nos clubes devem ser ouvidos e, se possível, atendidos. Além dos aficionados, há também os que participam ativamente do dia-a-dia, os "abnegados". Pessoas que dedicam voluntariamente tempo e energia ao clube e, por meio de grupos políticos, contribuem. Engana-se quem pensa que "política" não existe em empresas privadas – é muito mais sutil, mas grupos de poder estão sempre presentes nas organizações. Aprender como os clubes constroem consensos e articulam interesses diversos é valioso para uma empresa. Sua empresa ouve, de verdade, todos seus stakeholders?
Clubes sofreram críticas por muitos anos por conta de gestões pouco profissionais. Mas têm evoluído, até pelas novas legislações que exigem maior transparência e responsabilidade dos dirigentes (Profut, etc.). Convivem com a emoção, o que pode ser trágico se dirigentes se moverem somente por ela; mas não pode ser ignorada, pois é base da fidelidade de seu público. Assim, encontrar um equilíbrio entre razão e emoção, atendendo todos os stakeholders, é desafio permanente dos dirigentes de clubes de futebol. Nós que atuamos em organizações temos que aprender com a experiência do esporte: equilibrar razão e emoção.