Com a assinatura do contrato que marca a reativação das atividades do Hospital Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, ganha a sociedade gaúcha, que não se conformou com a possibilidade de fechamento de uma de suas instituições mais queridas na área de saúde pública. O mérito deve ser atribuído ao Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), que assumiu a força-tarefa e mobilizou representantes de diferentes segmentos da sociedade com o objetivo de salvar a instituição. Num Estado carente de leitos hospitalares, seria inadmissível que os gaúchos se conformassem em ver esse número reduzido ainda mais. E essa situação esteve próxima de se concretizar.
Um aspecto importante da mobilização para salvar o hospital foi o de não ter se limitado a discursos e pressões, que também são importantes, mas precisam ser associados a ações concretas. Uma dessas iniciativas foi a consultoria realizada pelo Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo. Por solicitação do Ministério da Saúde, a instituição paulista fez um amplo diagnóstico dos problemas enfrentados pelo hospital e apontou diferentes caminhos para assegurar sua continuidade. Um deles era justamente a locação do espaço, alternativa formalizada ontem com a Associação São Miguel, responsável pelo hospital de Gramado.
Diante de tantos problemas acumulados, a transferência de gestão é um passo importante, pois facilita o enfrentamento dos desafios, que não são poucos. Um dos primeiros será a negociação com mais de uma centena de funcionários, que estão há algum tempo com os salários em atraso. Outro é avançar nas negociações para a retomada dos atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na dependência de acordo com a Secretaria da Saúde da Capital. Por isso, é importante que essa e outras negociações sejam acompanhadas de perto por quem evitou o fechamento da instituição.
A conquista alcançada pela campanha para reerguer o hospital deve servir de estímulo para outras causas de interesse coletivo, que também dependem, acima de tudo, de mobilização. Por todo o Estado, incluindo a Capital, há hoje hospitais sem condições de abrigar pacientes justamente por terem se transformado em vítimas de contas que não fecham. Essa e outras áreas responsáveis pela prestação de serviços essenciais precisam contar com o apoio das comunidades para continuarem cumprindo o seu papel com eficiência.