Após assinar o contrato de transferência de gestão do Hospital Beneficência Portuguesa, o presidente da Associação Beneficente São Miguel, nova mantenedora da casa de saúde de Porto Alegre, conversou com GaúchaZH. Leia os principais trechos da entrevista:
Como surgiu a possibilidade de a Associação Beneficente São Miguel assumir o Beneficência Portuguesa?
Desde o início, a Associação Beneficente São Miguel foi concebida com o intuito de se apresentar à sociedade como um novo modelo de gestão. Acreditamos, desde o início, no hospital Beneficência Portuguesa: pela instituição, pela sua história e pelos serviços que sempre prestou. Entendíamos que seria capaz de torná-lo um hospital viável economicamente. Por vários contatos, acabamos nos apresentando, e as tratativas começaram a evoluir nas últimas semanas, até mesmo pelo agravamento da crise do hospital, que culminou na assinatura de contrato.
Quem integra a Associação Beneficente São Miguel?
Ela é composta por pessoas da sociedade civil: contadores, advogados, médicos, todos aqui do Sul. Não somos um grupo de investidores. Somos uma associação filantrópica, sem fins lucrativos, com interesse público em gestão hospitalar.
Os atendimentos começam quando?
A partir de 1º de agosto, sabemos que já abriremos para a rede privada, operadoras de saúde e pacientes particulares. Algumas operadoras de saúde já manifestaram interesse em contratualizar com o Beneficência Portuguesa. A partir então, partiremos para uma mesa de negociação com os agentes públicos estaduais e municipais para compra de serviços via Sistema Único de Saúde (SUS).
Já foi feito contato com a Secretaria da Saúde de Porto Alegre?
Tivemos contato em outras oportunidades. Optamos por ter a gestão do Beneficência Portuguesa formalizada para, a partir de agora, concretamente, abrir essa mesa de negociação.
Quais os serviços que serão oferecidos?
Os serviços que existiam antes (cirurgia geral, neurologia, neurocirurgia, traumatologia, ortopedia e UTI) serão mantidos. Estão em estudo outras especialidades. Uma das ideias é criar uma unidade de oncologia, como também cardiologia e cardiologia intervencionista. Mas isso está em estudo.
Mas o que estará à disposição a partir de agosto?
Teremos 62 leitos para planos de saúde e pacientes particulares, com enfermaria, UTI e pronto-atendimento.
Quanto será investido nessa primeira etapa?
Serão entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões para garantir a retomada dos atendimentos. Recursos que temos em caixa. Os próximos investimentos serão a partir de valores próprios, contratos bancários e parcerias.
E como será trabalhado o passivo, já que são cerca de R$ 80 milhões?
Teremos duas equipes. Uma para fazer a gestão daqui pra frente. A outra para fazer daqui para trás. O passado que é o maior desafio. Vamos abrir uma mesa de negociação com os credores para sanar os passivos. Mas acreditamos que o hospital, agregando outras especialidades, poderá ser superavitário.
Os funcionários terão os salários pagos?
O passivo será saldado, seguramente. Estamos em contato com os profissionais e estudando caso a caso. Nossa ideia é absorver os funcionários, fazer apenas pequenos ajustes na equipe.