Vidraças quebradas, telhados caídos, paredes pichadas, fachadas com pinturas desbotadas. Nenhum sintoma do abandono de uma região é mais evidente do que o estado de seus prédios históricos. Antes símbolo da prosperidade do Rio Grande do Sul, construções suntuosas, espalhadas por diversas cidades do Estado, têm sido vítimas da intempérie, da falta de investimento dos proprietários e da omissão do poder público.
Em Porto Alegre, onde a concentração de prédios é maior, a degradação é ainda mais evidente. Do Olímpico a casarões do Centro Histórico, ruínas proliferam e dão à Capital um aspecto de desleixo. É desanimador ver tantos edifícios, alguns deles importantes para a história da cidade, em situação tão precária. Mais do que uma questão estética, a recuperação da aparência da cidade é uma forma de preservar a memória e melhorar a autoestima dos gaúchos.
Não importa que os prédios não sejam públicos. Quando eles entram em estado de degradação, a questão deixa de ser de direito privado. Uma solução exige esforços em diferentes frentes. É sempre bem-vinda a criação de um inventário de prédios históricos da cidade, mas é necessário, sobretudo, reduzir o excesso de regulação e a burocracia exigida para aprovação de reformas de imóveis antigos. Uma infinidade de órgãos e agências com exigências minuciosas e, não raro, contraditórias, inviabiliza a execução de obras. Sem dúvida, é preciso preservar o patrimônio histórico do Estado, mas uma legislação mais simples e flexível facilitaria ações de recuperação da cidade.
A capital gaúcha já tem modelos que podem servir de guia.
A revitalização do 4º Distrito, no bairro Floresta, mostra que, com incentivos certos, uma zona industrial com fartura de imóveis desocupados pode se transformar em abrigo para empreendimentos inovadores e de lazer, tornando-se um polo de economia criativa.