Por Luiz Fernando Mainardi, deputado estadual (PT)
Você acha que o Sartori quer o plebiscito para decidir sobre a privatização das empresas públicas ou quer fazer só propaganda? Eu acho que é só propaganda. Se quisesse ouvir o povo, teria sugerido isso no início do governo. Ao contrário, quis foi acabar com a exigência do plebiscito. Perdeu.
Como perdeu, precisou criar uma esperteza típica da política tradicional. Ficou três anos repetindo que o problema do financiamento do Estado exige a venda das empresas públicas. Próximo do último ato, as eleições, tirou da manga a carta do plebiscito.
Vejam que é uma esperteza quase pueril, essa do Sartori. Depois de três anos e meio sem resolver qualquer dos problemas do estado, propõe que o debate eleitoral seja sobre a privatização ou não das empresas gaúchas, como se isso fosse o elemento central da gestão.
Seu objetivo é evitar ter que explicar por que fechou escolas, diminuiu os repasses para os hospitais filantrópicos e permitiu a explosão de violência durante o seu governo, entre outras coisas.
O tema das estatais é importante. Por isso foi incluída na Constituição essa exigência de plebiscito para vende-las. Trata-se de um bem público, que é de todos. Não fosse isso, a decisão estaria subordinada ao arbítrio deste ou daquele governador.
Mas o plebiscito é um recurso que se usa com o objetivo de corroborar um posicionamento prévio, que, para ser ético e possuir legitimidade, precisa ser dito no momento em que o governador está disputando o voto dos eleitores. Mas Sartori escondeu essa sua opinião no processo eleitoral em que se elegeu.
Pois bem, agora ele tem uma nova oportunidade para apresentar ao povo suas ideias em relação às empresas públicas. Não com o plebiscito, mas com sua candidatura. Caso tenha aderência dos eleitores às suas ideias, terá, aí sim, legitimidade para sugerir o plebiscito. Antes disso, é só enganação. E um subterfúgio para não responder à sua inércia como governador.
O plebiscito de Sartori é somente uma "cortina de fumaça". Visa a evitar visibilidade eleitoral aos temas que realmente interessam ao povo. Trata-se, portanto, de uma falácia política, cujo objetivo é confundir, não esclarecer. Quer continuar enganando na eleição. Bem aos moldes do que foi o seu governo. Triste.