Por Marcelo Basso Gazzana, chefe do Serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento
Cinco anos atrás, vivíamos os dias em que a Terra parou. Dias que viraram semanas, meses e anos até que a normalidade — ou o “novo normal”, como se falou à época — voltasse. Meia década depois, a pandemia da covid-19 deixou muitas cicatrizes, mas também lições que devem nos guiar para as próximas doenças globais.
O aspecto tecnológico foi um dos maiores avanços que tivemos: tecnologias rapidamente foram desenvolvidas em termos de diagnóstico, tratamento e prevenção. A colaboração global permitiu a geração de conhecimento em tempo real, chegando a formas adequadas de manejo, bem como às vacinas que, em tempo recorde, chegaram aos braços da população.
Por outro lado, pesquisas de baixa qualidade, interpretações errôneas de resultados e o desespero de muitos profissionais de saúde por respostas imediatas levaram à desinformação e ao questionamento das metodologias científicas.
Atuamos para levar excelência e humanidade em cada momento
A humanidade também foi intensamente testada. Milhões faleceram — e não há quem não tenha perdido um familiar, amigo ou conhecido, incluindo muitos profissionais de saúde. As instituições também foram ao seu limite, exigindo esforços redobrados para atender quem necessitava — e as sequelas físicas e emocionais da doença, bem como a covid longa, seguem um desafio.
No Hospital Moinhos de Vento, antes dos primeiros casos no Brasil, contávamos com um comitê de crise. Buscamos as melhores referências internacionais na preparação e, ao lado de hospitais de todo o país, realizamos diversas pesquisas para entender o vírus e suas formas de tratamento. Atuamos para levar excelência e humanidade em cada momento, o que foi determinante para salvar muitas vidas.
Diante disso, compaixão, vínculos de confiança e apoio foram e continuam sendo essenciais para lidarmos com o vírus. A questão não é de se teremos uma nova pandemia — mas quando ela chegará. E ao acontecer, devemos estar preparados, colocando em prática o que a covid-19 nos ensinou: investir em ciência, reforçar as colaborações globais, agir de forma ética e, sobretudo, nunca perdermos de vista o aspecto humano.