Nem Tim Berners-Lee, criador da internet, em 1969, imaginava que ela serviria para tantas bandalheiras! De lá para cá, já serviu para democratizar e descentralizar a informação, permitir a inclusão digital, alfabetizar pessoas, mas foi adoecendo. Desde que poucas empresas de tecnologia dos EUA e da China se tornaram dominantes, nossa segurança e privacidade acabaram! Vivemos na era da extinção da privacidade. Essa praça pública que virou a internet tornou-se uma arma poderosa e tem servido para amplificar as doenças da nossa sociedade. Como deixamos rastros digitais em tudo, nossas informações pessoais são roubadas a toda hora. Nossos dados são vendidos de qualquer forma. Os discursos de ódio proliferam. Fake news nascem por todos os lados. Hackers invadem empresas. O processo democrático se tornou instável, pela manipulação das mídias online, como foi nas eleições dos EUA. Estamos elegendo presidentes com dados manipulados! Estelionatários estão à espreita de sites de compra e venda, de bancos e lojas. A internet quebrou a propaganda tradicional. Muito disso é mostrado no Internet Health Report 2018, publicado pela Mozilla Foundation. Vemos que a saúde da internet está piorando. Os algoritmos ampliaram os preconceitos dos seres humanos, segmentando pessoas por sua raça, poder aquisitivo, instrução, comportamento, opção sexual, diferenças. O relatório mostra que mais gente está abrindo os olhos para o real impacto da internet nas sociedades, nas economias e no bem-estar das pessoas.
Com a internet das coisas, tudo tende a piorar, como o assédio online, o consumo de energia e a censura. O que vai acontecer quando mais de 30 bilhões de celulares, tablets, computadores, web câmeras, babás eletrônicas entrarem no mercado até 2020? Cada vez mais, teremos pessoas empunhando seus devices, como armas à espreita de algum deslize. Mesmo que algumas coisas estejam ficando melhor em áreas como acessibilidade e criptografia, temos de prestar atenção às contradições, como o crescimento das tensões entre liberdade de expressão e assédio.
Precisamos criar algoritmos mais transparentes, menos caixas-pretas! Encontrar maneiras de tornar a internet mais saudável e segura. Saber como nos proteger, como nos comportar no mundo digital, assim como fazemos no mundo real. Saber quando estamos sendo espionados. Precisamos ser mais criadores do que usuários. E criar nossos próprios ecossistemas, ter acesso às nossas próprias redes, armazenar nossos arquivos. Saber como incluir a metade do planeta que ainda está fora da internet. Trabalhar por sociedades e democracias melhores mais éticas e agregadoras.