As narrativas de ficção científica que envolvem inteligência artificial sempre são um convite lúdico a imaginar um futuro apocalíptico onde os robôs se voltam contra nós e tomam nosso lugar no mundo, nossos recursos e os nossos empregos. Mas como será o futuro do mercado de trabalho em função da inteligência artificial?
Os dados são a gasolina do nosso tempo
Vários estudos sobre tendências de um futuro próximo apontam para um cenário um pouco menos caótico. Neles, a inserção da tecnologia e da inteligência artificial está mais ligada à automação de tarefas repetitivas, coleta, leitura e interpretação de grandes quantidades de dados que auxiliam na tomada de decisões e na antecipação de problemas, como a medicina preventiva, por exemplo, que será fortemente beneficiada em função de predições a partir de dados. Imagine estar no trabalho e receber um envelope da Amazon com um comprimido para uma gripe que você contrairia no sábado. Isso seria possível se você tivesse um chip de menos de cinco milímetros hospedado no seu corpo. Assistentes pessoais serão cada vez mais eficazes e auxiliarão as nossas rotinas através de dispositivos conectados nas nossas casas e em computadores que usamos e que vestimos. A maioria destes exemplos nem poderia ser apontada como tendência, uma vez que já estão em uso e tendem a se expandir muito. É claro que veremos um grande volume de empregos e tarefas tornar-se irrelevante, já que serão passíveis de ser executados por robôs. Mas outras inúmeras possibilidades de atuação em torno da inserção da inteligência artificial no cotidiano também surgirão. Empresas como SpaceX, Made In Space e Astro Digital apontam diversas possibilidades que os negócios do espaço reservam para o futuro, por exemplo.
Mas, se os dados são a gasolina do nosso tempo, as ferramentas tecnológicas são indispensáveis para rotinas produtivas e as tarefas repetitivas e previsíveis serão cada vez mais desenvolvidas por robôs, quais serão as competências fundamentais do profissional no mercado de trabalho do futuro?
Os profissionais deverão ser cada vez mais multidisciplinares, com capacidade de resolver problemas complexos, com habilidades sociais que lhes permitam ter laços fortes em sua rede e com capacidade de execução e de resiliência. Esses profissionais serão pessoas que aprendem e ensinam constantemente, que inspiram por suas ideias e pelo seu fazer, que são consideradas para projetos tanto pelas suas expertises técnicas diversas quanto por serem pessoas sociáveis e empreendedoras.
Nesta era da inteligência artificial e de filtros algorítmicos que podem reproduzir comportamentos nocivos e que medeiam a nossa capacidade de relacionamento com ideias distintas às nossas, chegamos ao que talvez se configure como um dos valores mais importantes do profissional do futuro: a capacidade de trabalhar em uma rede diversa e de, acima de tudo, observar na diversidade e na troca de experiências e visões um terreno fértil para a construção de relações de trabalho mais profundas, duradouras e que geram resultados exponenciais.