Meu pai, Raul Randon, nos deixou há poucos dias e, desde então, tenho refletido muito sobre o seu legado, não só como empreendedor visionário, mas sobretudo como pai. Não tenho dúvida de que eu e meus irmãos fomos abençoados por termos crescido com a figura forte e sempre presente de um pai. Agora que ele partiu, aos 88 anos, também tenho muito presente a real dimensão de seu imenso legado para nossa família, expresso em princípios e valores que nos ensinou a exercitar nas atitudes, em todos os momentos de nossas vidas.
A verdade é que ainda estamos assimilando a sua partida. Nesta hora, a mente é inundada de imagens, palavras, lembranças, numa mistura de infância, adolescência e maturidade. Com todos os que conheceram o Raul Randon empresário, compartilho aqui um momento muito especial desses dias.
Estava com meu filho no colo, e isso me fez recordar as vezes em que, criança, vivi situação semelhante com meu pai. E fui remetido a um passado de segurança, confiança e aconchego, em total cumplicidade, a partir de um simples olhar, de um singelo sorriso. Mas o oposto também veio à lembrança: o rosto sério e questionador significava reprovação por alguma traquinagem de criança. O importante é que tinha sempre uma atitude educadora. E nós o entendíamos sem ele precisar dizer uma palavra, porque o olhar falava por si.
Pai presente é aquele que, com todos os problemas na cabeça e uma empresa para comandar, na adversidade ou na bonança, está sempre pronto a escutar e a oferecer o ombro e a sabedoria de um conselho. Chefe de família de verdade é aquele que, apesar das reuniões e viagens de negócios, faz questão de manter a reunião semanal da família, para que os laços se fortaleçam. Crescemos, eu e meus irmãos, aprendendo o valor da união, da religiosidade, da capacidade de empreender, da simplicidade e da responsabilidade com o próximo.
Meu pai já está fazendo falta. A saudade é imensa. Nos confortam as boas lembranças, e seu exemplo nos anima a seguir em frente e continuar concretizando os sonhos que ele tinha. Uma trajetória que orgulha e certamente fica como inspiração. Sai de cena o pai, ficam o mito e o seu legado. E, para sempre, fica o super-herói, que, como quando eu era criança, é como sempre o vi.