Proveniente da mitologia grega, a expressão "vitória de Pirro" expressa uma falsa vitória, ou uma vitória que foi tão sacrificada, que não valeu a pena alcançar, pois a esta não compensa seu custo. É considerada uma vitória inútil e seus custos podem ser irreparáveis ao vencedor. Pode-se achar que foi feito o correto, mas certamente não valerá a pena.
O momento atual da economia brasileira é positivo, com o final da recessão, a volta do crescimento, a redução da inflação e da taxa de juro, o início lento da recuperação do emprego e da renda e uma tentativa de se iniciar um equilíbrio fiscal, que podem nos colocar novamente em um trilho seguro.
Embora difícil, o Brasil terá recuperação se houver competência no manejo da política econômica, pois mantemos potenciais vigorosos, como mercado interno e um déficit absurdo de investimentos em quaisquer áreas, o que oportuniza visões otimistas.
Atualmente, as reais melhorias econômicas obtidas ainda podem ser consideradas como efeitos estatísticos, pois são percebidas mais pelas métricas com que se acompanha a economia do que na percepção do bem-estar geral pela sociedade. Esta somente perceberá uma melhoria na medida em que forem sensíveis seus efeitos sobre a população, com o aumento do emprego e da renda, e com o crescimento do consumo e da tomada de crédito, fundamentais para sustentar a recuperação econômica e das empresas.
Recentemente, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou o rating brasileiro, principalmente em função do presente sepultamento da reforma da Previdência e a incerteza fiscal. A discussão acerca da mudança do sistema previdenciário brasileiro não é uma luta entre o bem e o mal como seu trato político transparece. Trata-se de uma questão simples de equilíbrio de contas públicas: como o sistema é crescentemente deficitário, e não acredite em vendedores de facilidades, alguma coisa deverá ser feita; ou mexe-se no sistema, ou aumentam-se os impostos e a dívida pública, ou se deteriorão ainda mais os já deficientes serviços públicos. As não soluções só vão comprometer ainda mais a situação atual e projetada.
É lamentável que agentes políticos tratem as contas públicas de olho nas próximas eleições e continuem vendendo soluções fáceis e não entregáveis. O próximo presidente, independentemente de quem seja ou do seu partido, tende a ser impopular, pois assumirá uma herança e uma conta amarga para pagar. Uma "vitória de Pirro" está posta.