É óbvio que o mundo está mudando e que há uma enorme transformação acontecendo no negócio da comunicação. Mas acredito, sinceramente, que falar em mudança e transformação já não basta para entendermos o momento e, muito menos, as necessidades.
Se quisermos enfrentar o que vem pela frente, e o que já está vindo, precisamos redefinir, ressignificar e reinventar a indústria de marcas, que é a cadeia composta por agências, veículos de comunicação, anunciantes, produtores de conteúdo e demais parceiros de produção gráfica, eletrônica e digital, todos estratégicos e parte da equação de transformação de um negócio que impacta de forma significativa a sociedade e o mundo.
Antes de mais nada, é preciso redefinir o que é valor, como deve ser entregue e quanto custa nesta indústria. Todo cliente quer mais rápido, mais barato e com mais qualidade. Legítimo direito, mas irreal expectativa. Porque, das três variáveis, somente duas delas podem ser entregues ao mesmo tempo.
O cliente pode até escolher quais serão essas duas, mas deve saber que estará abrindo mão da terceira, ou relativizando sua expectativa em uma delas. E é preciso tratar isso de forma franca, clara, aberta e transparente. Pior do que exigir de forma irreal é prometer de forma irreal.
Em segundo lugar, precisamos ressignificar o que é ser publicitário, o que é ser uma agência, o que é ter uma boa produção fotográfica ou audiovisual. Precisamos dar outro sentido para a indústria de marcas e sua construção de valor. Marcas fortes e relevantes são imortais quando constroem vínculo emocional com as pessoas, e essa necessidade vai permanecer para sempre. E anunciantes não são bons para fazerem isso sozinhos, como comprovam todas as grandes marcas do mundo.
Por fim, precisamos reinventar os modelos de negócio, reinventar a relação com os clientes, reinventar o processo de criação e produção de conteúdo, reinventar os custos (inclusive os de mídia) e reinventar as fórmulas para atrair e reter talentos. E só faremos tudo isso se fizermos a reinvenção de nós mesmos.
Refortalecer o ecossistema de comunicação é, também, uma forma de enfrentar as fake news e seus adeptos, que precisam de jornalismo fraco e corrupto. Comunicação ética legitima a democracia ao garantir que possa haver imprensa séria, livre e plural. E esta é apenas uma das razões que comprovam que uma indústria de marcas forte e pujante é vital para se construir uma sociedade forte e pujante.