Estamos vivendo uma nova década perdida. Como em toda crise, apesar de saber-se finita, é difícil ver uma saída quando se está em meio a tantos dados desanimadores. Foi assim em todas as principais recessões já registradas, como as de 1929 ou 2008 no mundo, ou também no nosso período hiperinflacionário das décadas de 1980 e 1990.
Os dados econômicos são apenas retratos estatísticos de uma realidade que nos atinge todos os dias, tanto pessoalmente, ao viver em cidades cujos serviços e infraestrutura se tornam cada vez mais frágeis, quanto profissionalmente, com um ambiente de negócios que toma a vida de milhares de empresas e o emprego de milhões de brasileiros. Melhoras tímidas são vislumbradas no horizonte e, com mais alguns anos, o país certamente estará melhor do que hoje.
Mas o que isso realmente significa? Que em 2020 talvez tenhamos indicadores parecidos com os de 2010? Resiliência não será suficiente para o nosso país. Voltar aos patamares passados não servirá para nos tirar da categoria emergente, que acompanha o Brasil em toda sua história. Apenas para ilustrar, em termos de paridade do poder de compra per capita, precisamos crescer 40% para atingir o patamar do Uruguai, 75% da Grécia e 208% da Austrália. Isso considerando que eles fiquem estagnados. Mesmo a China, que há apenas cinco anos tinha um indicador 44% pior do que o brasileiro, já nos ultrapassou. Temos que querer ser mais do que isso. Temos que nos erguer para buscar a excelência.
Pode parecer um sonho distante hoje, mas possivelmente já foi um sonho distante também para a Coreia do Sul, Hong Kong ou Singapura. A questão é o que podemos esperar com as ações que estamos tomando. Enquanto nos Estados Unidos inicia-se um trabalho sem precedentes de desregulamentação e redução da carga tributária, ainda discutimos maneiras de cobrar mais da população e resistimos a avanços consolidados em outros lugares.
Produtividade, investimento e educação, dada a emergência da solvência do Estado, sequer entram na pauta. É possível fazer, mas não podemos mais aceitar a intervenção desmedida e as soluções medianas. Como sociedade, temos que achar o nosso papel nessa difícil transformação. Liberdade e prosperidade, afinal, não são garantidas, precisam ser conquistadas. Como se diz, ano novo, vida nova.