O patrimônio cultural constitui um legado construído com grande esforço e repassado a todos nós por nossos antepassados durante diversas gerações. Esse acervo nos remete a valores e a formas de pensar, assim como a fatos históricos ou personalidades dentro da nossa comunidade, que foram responsáveis pela nossa formação cultural, a partir do momento em que somos integrantes de uma sociedade. Sendo assim, preservar e valorizar este patrimônio é, antes de mais nada, valorizar a nossa própria existência social e individual.
A cidade de Porto Alegre apresenta um rico acervo espalhado por nossas ruas e praças. Edificações e monumentos construídos, em diversos períodos históricos, nos remetem às transformações culturais que ocorreram na nossa cidade no decorrer do tempo e deveriam servir de objeto de aprendizado para as novas gerações.
Temos tentado reverter essa situação.
Ocorre que esse patrimônio vem sofrendo com ações de vandalismo e destruição por integrantes de nossa própria sociedade. Esculturas e belas edificações são diariamente danificadas, assim como sofrem com as pichações.
Atualmente, quando caminhamos pela nossa cidade, observamos o nosso patrimônio coberto por desenhos que podem representar nomes próprios individuais ou de grupos organizados, que procuram assegurar a sua forma de expressão. Essa atitude não tem nos trazido resultados positivos.
Não devemos confundir aqui as pichações, cuja presença sobre o nosso patrimônio não traz benefícios visuais, com as ações de grafites, cuja consequência é a valorização de áreas com desenhos artísticos.
A partir dessa realidade, as equipes responsáveis pela preservação do patrimônio têm promovido, dentro de um universo orçamentário limitado, diversas ações possíveis para promover a restauração do patrimônio, enfrentando situações de pichações dos mesmos monumentos, poucos dias após a finalização das obras.
Tal fato demonstra a falta de relação existente entre os autores dessas ações e o patrimônio cultural da nossa sociedade, fato este que pode ser explicado pela exclusão social à qual foram submetidos ou à grave crise educacional à qual a nossa sociedade contemporânea, em todos os segmentos sociais, está submetida.
Vivemos hoje, em todas as cidades brasileiras, uma epidemia de ações de pichação de monumentos, sendo algumas dessas ações inclusive reincidentes, tornando necessária a reaplicação de recursos para reverter os danos causados. Tal fato nos coloca sob a realidade de estarmos sempre restaurando os mesmos monumentos, que posteriormente voltam a ser pichados ou danificados. Esses recursos poderiam certamente ser aplicados em outras ações que nos trariam ainda maior qualidade de vida.
Mesmo assim, temos tentado reverter essa situação. Considerando que os recursos existentes não são suficientes para cobrir as necessidades de restauração de bens de valor cultural, temos procurado desenvolver também ações de cooperação com instituições ou através do estabelecimento de parcerias. Todo o apoio oferecido é de extrema importância e será sempre bem-vindo.
A preservação da nossa história é um direito social e um dever individual. Temos que continuar trabalhando em união para reverter essa situação, de forma a construirmos juntos uma realidade mais harmônica para todos nós e para as próximas gerações.