Estudo recente do Banco Mundial mostra que entre 137 povos, o brasileiro é o que menos confia em seus políticos. No ranking de países mais corruptos, o Brasil está em quinto, atrás apenas de Venezuela, Paraguai, República Dominicana e Chade. Quanto à ética corporativa, as empresas brasileiras ficaram na 126ª posição. Já as nossas instituições conquistaram a deplorável posição 109 entre os 137 países analisados. O estudo aponta a corrupção como um dos piores entraves para a competitividade do Brasil, junto à excessiva carga tributária e às leis trabalhistas.
Tais indicadores demonstram, mais uma vez, o profundo esgotamento do modelo brasileiro, que tem acentuado o distanciamento entre a política e a sociedade, esta última inconformada com o patrimonialismo corporativista associado a uma corrupção endêmica. Por isso, cresce uma "raiva social" contra os políticos, que se acentua a cada nova denúncia ou delação veiculada pela imprensa. O cidadão honesto se sente insultado diante das justificativas mentirosas que constroem a sensação social de que "estão me chamando de idiota". Assim são as explicações para dinheiro em malas ou em apartamentos, sítios, imóveis alugados com recibos não pagos, gravações estarrecedoras e delações que envolvem políticos dos principais partidos que hoje decidem o destino do Brasil.
Nós, cidadãos, devemos é nos preocupar em como podemos, além de reclamar, aproveitar o momento da inconformidade social para realmente reformar o país. A próxima eleição é uma oportunidade, mas saberemos usar este momento visando às mudanças necessárias? Alguns partidos colocarão nomes inéditos e caras novas como alternativas, o que por si só não garante que, se eleitos, fugirão das orientações oligárquicas dos partidos tradicionais. Haverá candidatos com roupagem antiestablischment, outros com propostas raivosas e radicais e outros, ainda, poderão propor convergência com uma agenda de renovação. Pode haver cenários de fragmentação e pulverização de candidatos, cenários pró-Lula e antiLula. Temos o risco do populismo prometendo um Estado ainda maior e mais assistencialista e o combate às reformas estruturais, inclusive a da Previdência.
Infelizmente, a sociedade, inconformada com a crise atual, está acuada e perdida frente ao que precisa ser feito para suportar a agenda de reformas que, inevitavelmente, teremos de enfrentar se quisermos almejar um crescimento consistentemente sustentável. Teremos que demonstrar a nossa cidadania política para criar a oportunidade de mudar o Brasil e vencer a corrupção?