A melhor notícia relacionada ao tímido avanço de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, em comparação com os três meses anteriores, é a retomada do consumo das famílias. A primeira reação favorável sob esse aspecto depois de nove trimestres de queda, ainda que também em níveis modestos, deve-se a algumas conquistas importantes na área econômica. Entre elas, está a redução da inflação e da taxa de juros, às quais se somaram medidas pontuais, como a liberação de recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Por isso, é importante que essas condições possam ser preservadas pela equipe econômica, mesmo na eventualidade do recrudescimento da crise política.
No primeiro trimestre, a reação chegou a ser mais consistente do que no segundo, mas foi impulsionada pelo desempenho do agronegócio – mais especificamente, pela safra de grãos. O fato de, agora, estar sendo comandada pelo consumo é particularmente animador. Quando consumidores se dão conta de que estão sendo influenciados positivamente pela inflação em baixa e pela consequente queda na taxa de juros, a economia, de maneira geral, sai favorecida.
A reação na atividade produtiva brasileira não ocorre de forma isolada, mas é lenta e inferior à registrada na maior parte das demais economias. Entre outras razões, o Brasil ficou para trás em consequência da crise política, que culminou num novo processo de impeachment. Um ano depois, o clima de instabilidade permanente continua emperrando avanços e mesmo levando a retrocessos, impondo prejuízos a todos os brasileiros, particularmente sob formas como contenção no consumo e falta de oportunidades de trabalho no mercado formal. Só agora, os níveis de desemprego estão parando de aumentar, mas seguem em patamares elevados, sem que haja perspectivas imediatas de aumento na oferta de vagas.
Nesse cenário, os resultados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) precisam servir de alerta aos responsáveis pela definição da política econômica de que não pode haver mais espaço para recuos. É urgente a necessidade de corrigir os desequilíbrios nas contas públicas e abrir espaço para investimentos. O país precisa se livrar de vez das marcas de sua mais longa recessão – de preferência, elegendo como prioridade absoluta a recuperação do nível de emprego.