A crise política atual decorre da alienação dos brasileiros. Sociedades mais politizadas fazem ajustes e reformas necessárias para evitar crises futuras. No Brasil, o domínio histórico do corporativismo patrimonialista-clientelista subordinou a máquina pública aos seus interesses e benefícios. Reformas radicais para mudar este quadro ficam reduzidas a medidas superficiais, ainda sujeitas às barganhas do "centrão". A sociedade, alienada sobre os aspectos conjunturais que construíram a situação atual, assiste a discursos populistas que procuram evitar a reforma da Previdência, fundamental para que a crise não seja ainda maior. A reforma política, que poderia qualificar a discussão sobre o novo Brasil, será uma maquiagem para eternização dos mesmos e da sua cultura política. A meta do déficit das contas públicas ficou ainda maior, apesar de reduções nos investimentos e em gastos com serviços essenciais. A ameaça do aumento da imensa carga tributária permanece.
Fica evidente a urgente necessidade de se reestruturar radicalmente a anacrônica máquina pública de alto custo. Para tanto, é preciso romper paradigmas em todas as áreas da gestão e da governança pública: informatizar totalmente a burocracia; equiparar direitos do funcionário público aos do privado; eliminar cargos de confiança, que distorcem a qualidade dos serviços públicos; promover a máquina pública com meritocracia, enfatizando o "fazer mais com menos"; ter vereadores voluntários eleitos, como ocorre em Estocolmo e na cidade do México; unificar o poder judiciário, integrando a Justiça Eleitoral e Trabalhista, como ocorre na maioria dos países; promover a simplificação tributária e minimizar a sonegação; etc.
Estes são pequenos exemplos de como se criar condições para evoluir na redução do tamanho do Estado e fortalecer o seu papel de indutor do desenvolvimento sustentável. À sociedade, cabe controlar as ações de uma classe política que só pensa em si e na próxima eleição. Precisamos mobilizar uma agenda mínima de Brasil, desprovida de populismos e de maquiagens, e iniciar uma nova era, onde as lideranças desenvolvimentistas parem de apenas reclamar e arregacem as mangas para pressionar pelas mudanças que o país precisa. Não são os políticos atuais que vão mudar o Brasil, mas as lideranças desenvolvimentistas que entenderem o papel que lhes cabe por meio de mobilizações ativas e controles sociais. Isto é o que podemos fazer e é o ÚNICO caminho possível para mudar o Brasil.