*Economista
Na coluna anterior, comentei a vinda da General Motors para o Rio Grande do Sul e hoje dou continuidade, me permitindo referir alguns detalhes por já terem se passado 20 anos da negociação.
Para a vinda da GM, foi fundamental a tratativa com a Renault ao longo de 1995, que ao final nos informou que optara por se localizar no Paraná para ficar próximo dos principais mercados nacionais. Posteriormente, verificamos que o pacote de incentivos oferecido por aquele Estado era imensamente superior a nossa proposta, concluindo-se que talvez nunca estivéssemos realmente na disputa. Aquilo ensinou que aquele tipo de fábrica só viria com um conjunto competitivo de incentivos financeiros e fiscais, que visam à competitividade da planta.
Leia mais
Ricardo Hingel: a indústria automobilística no RS - parte 1
Governo do RS projeta rombo superior a R$ 1 bilhão
Petrobras reduzirá preço da gasolina e aumentará valor do diesel
No início de 1996, fomos procurados pelo empresário Luiz Carlos Mandelli, fornecedor de autopeças, que, em reunião com a GM, soube que seria feita uma nova fábrica no Brasil, primeira fora de São Paulo e sua mais moderna planta no mundo; mas, o Rio Grande do Sul estava fora das alternativas em estudo. Com a informação, o governador Antônio Britto solicitou que procurássemos a diretoria da empresa para uma reunião em São Paulo, da qual participei juntamente ao então secretário Nelson Proença, quando foi colocada nossa disposição de trazer aquele investimento para o Rio Grande do Sul. Na ocasião, nos justificaram algumas questões que nos excluíram das opções iniciais de localização. A partir dali, abrimos um canal para negociar, o que durou aproximadamente 10 meses. Mais: criou-se no Estado um ambiente favorável à atração de investimentos.
O Rio Grande do Sul reúne um conjunto de condições de produção que podem garantir uma planta competitiva, porém, incentivos são complementares e necessários para a concorrência com outros Estados. Isso é fundamental não só para a instalação, mas também para a perpetuidade da fábrica.
Embora criticados à época por parte da oposição ao governo estadual, não tenho receio de afirmar que os esforços dispendidos para a instalação da empresa em Gravataí já se pagaram, o que inclusive foi entendido pela sociedade e pelos governos que se sucederam e que tiveram a sensibilidade de negociar as expansões posteriores da fábrica e entender a importância do investimento que ora o governo Sartori festeja a conquista.
Ressalto que também é da natureza das empresas o aperfeiçoamento de seus projetos industriais e a busca constante de alternativas mais viáveis do que a existente. A GM, ao longo dos últimos 20 anos, analisou outras alternativas de investimento fora do Rio Grande do Sul, daí a importância da manutenção de um ambiente receptivo, dos esforços realizados e que se compreenda bem como estas empresas funcionam.
Voltarei ao assunto nas próximas colunas.