* Secretário do Meio Ambiente e da Sustentabilidade de Porto Alegre
R$ 141.915,75 é o valor que a Prefeitura de Porto Alegre avalia meu apartamento, que tem a mesma idade que eu. Ano passado tinha um vizinho vendendo um igual por R$ 550 mil. Um corretor de imóveis me disse que "pego até R$ 600 mil".
Para comprá-lo, o banco me emprestou praticamente o dobro que a prefeitura o avalia. Por tais constatações, o certo é que vale no mínimo três vezes mais. Fato!
E o curioso é que, quando o comprei, a avaliação (para fins de ITBI, outro tributo municipal) foi adequada ao que paguei.
Com o debate posto, descobri que desde 1991 ninguém teve coragem para fazer o que deveria ser feito: cobrar imposto sobre o valor certo. Pasme-se, mas isso não ocorre com o IPTU. Pagamos 3% sobre um veículo (IPVA) e entre zero e 0,85% por um apartamento.
Ao elegermos nossos representantes, espera-se que a responsabilidade seja a viga mestra da gestão. Renunciar receita consiste em ato de irresponsabilidade, no qual alguns ganham e muitos perdem, geralmente quem mais precisa.
Não é opção, mas obrigação de quem administra.
Em tempos de justos motivos para festejar medidas eficazes de combate à corrupção, pequenos delitos não podem ser esquecidos. Bradar a Lava-Jato e furar a fila do banco é incoerente. Sonegar, mesmo sob o argumento da corrupção sistêmica em que lamentavelmente vivemos, igualmente não é bacana. Outra incoerência clássica: criticar fortemente o guarda de trânsito ao receber uma multa pelos Correios, enquanto o inegável erro aponta para a consciência relutante exigindo senso de coletividade.
Criar novos impostos é odioso e inaceitável, assim como deixar afastar-se da isonomia, cobrando diferentemente de situações iguais, como ocorre.
Por ter esperança e contribuir ativamente para a mudança dessa realidade, avalizo e festejo a iniciativa, tão criticada, de atualizar o valor dos imóveis de Porto Alegre.