Os olhares da nação permanecem voltados para Brasília, fixos e atentos ao desenrolar do mais recente episódio em nosso calvário político. Também a comunidade internacional está observando o funcionamento, o alinhamento e a eficácia da democracia brasileira. Uma denúncia contra o presidente da República é fato com lugar assegurado em nossa história.
Curioso que esteja acontecendo no mês de julho, e tão perto do dia 4, data da declaração de independência dos Estados Unidos. E considerando que o desfecho do caso pode se prolongar por mais algumas semanas, já estaremos em agosto, quando, no dia 26, a humanidade celebra a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, ocorrida na França.
Séculos já se passaram, mas tais eventos históricos permanecem atuais, em sua essência, por tratarem de questões atemporais como a emancipação dos indivíduos e a evolução da sociedade para um regime republicano de liberdades que privilegiem a ascensão social e o talento de cada um. Uma sociedade meritocrática.
Para que tal transformação pudesse nascer, foi preciso que o povo americano e também o francês se revoltassem contra as injustiças percebidas e exigissem um novo futuro para si.
No caso europeu, transcorria uma crise fiscal brutal e o povo francês estava cada vez mais irritado com a incompetência do rei e com a decadência da aristocracia do país. Já no caso americano, então colônia inglesa, a irresignação também continha o elemento do excesso de tributação.
No nosso Brasil atual, há tributos demais e serviços públicos de menos. Somos quase reféns de nossos governantes, pois a competitividade de nossos bens e serviços depende demasiadamente de influência governamental.
Somos uma nação pacífica e ordeira, e há muito já se passou o tempo de iniciativas revolucionárias. O único caminho é o do Estado de Direito, e nossa evolução deve ser conquistada através da política, e precisamos evoluir agora.