Nunca se falou tanto em política no Brasil como nos últimos anos, desde os movimentos de rua de 2013. Estamos evoluindo, à nossa maneira, em termos de consciência política.
Esse diálogo é intensificado pelo formato das grandes mídias sociais, sobretudo o Facebook (que também possui o WhatsApp). Ferramentas projetadas para despertar sentimentos como raiva, inveja, segregação, orgulho. O negócio delas é servir de plataforma a esse caldeirão de sentimentos e vender informações sobre nosso comportamento a empresas e governos. Somos transformados em mercadoria.
Quando fazemos ataques pouco embasados a políticos e seus seguidores, destruímos o capital social à nossa volta. Rompemos relações, nos afastamos de pessoas que fazem parte de nossas vidas.
Além disso, damos oportunidade às posições mais extremadas no espectro político. Para Lula, é muito conveniente boa parte da população pensar que Bolsonaro é a grande ameaça, e vice-versa. Ambos se alimentam dessa situação, criando uma infinita espiral de polarização. Todo autocrata em potencial precisa cultivar inimigos para justificar seus atos.
A energia que dedicamos ao interesse público, às questões coletivas, é finita. Afinal, ninguém pode deixar de trabalhar e cuidar da família. O tempo da política é a cereja do bolo das nossas vidas: aquilo que fazemos em prol de todos, com os recursos que temos.
Que tal, então, usar a internet para se reconectar com aquela pessoa que você sabe que está começando um projeto comunitário importante? Ou pesquisar mais a fundo a aplicação do dinheiro público na educação em seu Estado? Quem sabe consigamos fazer críticas melhores, aprender uma habilidade nova, participar de uma iniciativa? Transformar em ganho aquilo que hoje é um custo para a sociedade.