É inaceitável que, enquanto os juros básicos caíram de 14,25% para 10,25% ao ano, desde a decisão do Banco Central de promover uma redução gradativa a partir de outubro de 2016, muitas taxas continuem elevadas e até em alta para os consumidores. No momento em que a economia começa a dar sinais, ainda inconsistentes, de retomada, juros abusivos só podem ser atribuídos à elevada concentração do sistema bancário no país, que funciona como se fosse um oligopólio. Só haverá solução à vista quando forem criadas as condições para mais competitividade no sistema bancário.
Historicamente, o Brasil é conhecido como um dos países de taxas reais de juros – acima da inflação – mais elevadas. O aspecto perverso é que, embora indiquem a inadimplência elevada como uma das razões para a deformação, os bancos acabam contribuindo para manter e aprofundar o endividamento com essas práticas.
Uma das taxas que sofreram elevação foi justamente a cobrada de quem quiser renegociar dívidas – do cartão de crédito ao cheque especial. A prática contribui para que nada menos de 61 milhões de brasileiros estejam hoje com suas contas em atraso. Isso significa que, sem acesso a crédito nos bancos e no varejo, precisam reduzir suas pretensões de consumo ou mesmo adiá-las.
Em outras áreas, como a de locação, por exemplo, proprietários vêm partindo para promoções de preços na tentativa de conquistar inquilinos, evitando assim que os imóveis fiquem fechados por muito tempo. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) alega que uma das razões para as taxas elevadas são os altos impostos cobrados em operações financeiras. A equipe econômica precisa criar logo as condições para que o país possa tornar o crédito mais acessível, facilitando a retomada da atividade econômica.