Ao se questionar sobre as razões de determinadas empresas terem tido tanto sucesso e depois crescerem ou desaparecerem, grande parte das respostas residirá na compreensão que cada uma teve de seu mercado. Embora possa parecer, para muitos, que o sucesso passa pela engenhosidade de seus criadores, o que por vezes pode ser verdadeiro, a intuição de empresários não é suficiente para manter infinitamente as empresas.
Fruto de mudanças econômicas, tecnológicas e inovações, ao longo da vida, estas dependerão cada vez mais de que suas estruturas saibam ler as evoluções de seu ambiente competitivo, a satisfação de seus clientes e a capacidade de prever demandas futuras. Perdem peso as intuições de seus masterminds (mentes mestras), que, por vezes, esquecem de conversar com o mercado. A estratégia deve visar, com o uso de ferramentas técnicas, mesmo de consultorias, não apenas acompanhar o comportamento da concorrência, mas se antecipar, de forma a buscar ser protagonista, que é o que diferencia as empresas.
Lembremos da Kodak, empresa líder em seu setor há algumas décadas, talvez perpétua e imbatível na ótica de seus gestores masterminds, mas que não viu as mudanças que o mundo digital provocaria em seus negócios.
A referência aqui poderia ser resumida como "inteligência de marketing", ou seja, ou você entende seu cliente e mercado, ou seu negócio terá vida limitada. Sucessos intuitivos devem ser entendidos como casos pontuais, ou mesmo para explicarem inícios de casos de sucesso, ou alguém acredita que mesmo Steve Jobs ou Bill Gates perpetuaram seus negócios graças unicamente a suas mentes brilhantes, sem utilizarem à exaustão ferramentas científicas de entendimento do mercado? Se pudesse lhes questionar, tenho certeza de que diriam que seu sucesso decorreu e decorrerá de um trabalho em grupo, onde instrumentos de informações de suporte disponíveis teriam sido decisivos.
Em grandes empresas, chama atenção que, mesmo nas pesadas estruturas que vêm sendo implantadas dentro do que se convencionou chamar de governança corporativa, pouco se fala em inteligência de marketing antecedendo seus investimentos comerciais e desenvolvimento de produtos. Estruturas organizadas deveriam subsidiar a atuação das instâncias administrativas superiores, em especial nos casos dos Conselhos de Administração, para as discussões relativas a seu posicionamento no ambiente futuro e que necessitariam ter mais peso do que avaliações passadas de números e conformidades. Certamente Jobs e Gates devem ter gasto muito mais tempo estudando seus mercados do que buscando saber quantos parafusos tinham em estoque.