Como era previsível, a divulgação de dados sobre a situação financeira da Capital pelo prefeito Nelson Marchezan provocou uma reação dura do ex-prefeito José Fortunati. Independentemente das versões, porém, o que importa para os porto-alegrenses são as consequências práticas da crise, considerada mais grave pelo prefeito recém empossado do que a do governo estadual. Já que não foi possível evitar o descompasso entre receita e despesa, é preciso agora enfrentá-lo o mais rápido possível e com o mínimo de danos para os munícipes.
Um dos efeitos mais preocupantes da crise na prefeitura é o anúncio antecipado de que vai haver atraso no pagamento de salários dos servidores. E essa é uma opção que nenhum gestor faria sem necessidade, pelos riscos que implica. A outra consequência é que muitas obras em andamento, algumas das quais aguardadas há muito tempo, "terão de esperar". Aos porto-alegrenses, interessam menos as razões que levaram a essa realidade crítica e mais a definição de um horizonte claro sobre quando será possível reverter o quadro desfavorável.
A questão central é que essa situação não pode continuar. É necessário reequilibrar as contas para que o município volte a investir e manter um mínimo de investimentos. E, para reequilibrar as finanças, é preciso fazer diferente do que foi feito até agora, com medidas ousadas e profundas, no interesse do conjunto dos cidadãos e não das corporações que gravitam em torno da prefeitura.