Com o propósito de modernizar a estrutura pública do estado, o "pacotaço" do governador Sartori, como vem sendo chamado, entre outros adjetivos, prevê a extinção de nove fundações, a privatização de estatais como CEEE e Sulgás sem a necessidade de plebiscito, entre outras providências.
O legislativo gaúcho está com a missão de apreciar e decidir a favor ou contra o pacote. O prazo é de 30 dias e já está correndo. Pela complexidade dos temas em questão, considero o período muito curto para essa reflexão.
A Fundação de Ciência e Tecnologia, instituição a qual presidi está na lista das instituições que podem ser extintas. O fato me deixa muito triste, pois foi na Cientec que construí minha carreira profissional e sempre tive muito orgulho do trabalho da fundação. Importantes soluções tecnológicas foram criadas nas áreas de energia, metalmecânica, eletroeletrônica, entre outras. Os estudos de viabilidade da implantação do polo petroquímico no Rio Grande do Sul foram feitos pela Cientec, que também descobriu uma fórmula de usar o resíduo do carvão, as cinzas (onde a maior reserva do país está em solo gaúcho) na construção civil.
Empresas que hoje estão indo de "vento em popa" nasceram na incubadora da Cientec, a primeira Incubadora do Estado do Rio Grande do Sul. Além disso, a Cientec desenvolve e aprimora produtos para os mais diversos setores da indústria. Embora muita gente não saiba, a Cientec está muito presente na vida das pessoas, pois ela testa e certifica os mais variados materiais e alimentos, desde os mais simples, como água, até os mais complexos como viadutos e grandes estruturas.
Particularmente lamento a decisão do governo gaúcho em extinguir uma instituição de 74 anos, como a Cientec, sem entrar aqui no mérito dos outros itens do PL 246/16. Porém, ela de fato precisa ser reestruturada e é notório que o Estado não suporta mais a estrutura de 30 anos atrás. A crise financeira repercute na falta de saúde, segurança e educação. Muitos falam em combate a sonegação, fim de isenções, o que, realmente deve ser feito. Mas cortar a própria carne, modernizar estruturas, reduzir custos sem prejudicar a prestação do serviço é preciso e é urgente.