Podemos elencar uma série de previsões legais e constitucionais que colocam o exercício e o desenvolvimento da cidadania como bases de nosso país. Porém, não é este o questionamento que queremos aqui levantar. Queremos abordar por que um Estado que sempre foi exemplo de cidadania para todo o país se perdeu em polarizações e corporativismos que afundam os valores de nosso Estado e por consequência o desorientam nas coisas da gestão pública.
Somos forçados a relembrar os conceitos básicos do que é ser cidadão, pois que parecem esquecidos nos recantos de nossa alma, como estrutura e base da convivência em sociedade. Cidadão é aquele habitante da cidade (aqui pensada como município) que, no cumprimento de seus deveres, é um sujeito de ação, ao contrário do sujeito de contemplação, omisso e absorto em si e para si. Cidadania não caminha junto com individualismo e com omissões individuais perante os problemas da cidade (município), ao contrário, os problemas dela dizem respeito a todos os cidadãos.
Temos ainda que relembrar que neste chão gaudério a polarização até que faz parte de nossa história, ou se foi chimango ou maragato, ou, ainda, se é gremista ou se é colorado etc., porém, sempre que esta terra sofreu agressão externa, as forças da solidariedade se uniram e defenderam este chão. Sangue foi derramado para se manter a unidade pelo amor que aprendemos a cultivar pela nossa República Rio-Grandense. Esquecia-se o desejar do indivíduo para lutarmos pelo bem comum.
Agora, em vez de avançarmos neste conceito, nos perdemos em individualismos exacerbados, representados por corporações absolutamente apáticas na relação do Estado comum. Vemos corporações combatendo o poder legitimado durante décadas, não importando se isso é prejudicial ao coletivo. Vemos outras corporações se negando a participar de datas cívicas em função de problemas econômicos, como se isso se misturasse ou fosse a mesma coisa.
Em minha infância, já que estou sexagenário, aprendi que a pergunta não era o que o município, ou o Estado ou o país pode fazer por mim, mas, sim, o que eu como cidadão posso e devo fazer pelo meu município, Estado ou país. E o fazíamos nos juntando e limpando ruas e estradas etc. Parece que hoje em dia o poder público é o único responsável por todas as mazelas que nos atingem (claro que não vamos isentá-lo das barbaridades que se cometem não cumprindo seus objetivos), esquecendo que o Estado é a soma de todos os seus indivíduos e que no exercício da plena cidadania estes são os responsáveis últimos do estado das coisas. Vamos ser cidadãos outra vez?