Anular o voto e votar em branco são direitos constitucionais. Se alguns eleitores, desencantados com a política, optarem por uma dessas ações no pleito deste domingo, estarão cumprindo a legislação. Mas os eleitores que se derem ao trabalho de pesquisar nas listas de candidatos e selecionar aqueles que consideram mais aptos para as Câmaras e prefeituras de seus municípios, digitando seus números corretamente nas urnas eletrônicas, esses estarão renovando o compromisso com a democracia e com a crença na representação política como preceito democrático.
Voto nulo não anula eleição, como equivocadamente ainda imaginam algumas pessoas. Mesmo nos municípios com apenas um candidato a prefeito, se todos os eleitores anularem seus votos num protesto coletivo, mas o próprio pretendente à prefeitura votar em si mesmo, ele estará eleito. E com 100% dos votos válidos, como prevê a legislação.
Cabe, portanto, uma profunda reflexão antes da tomada de decisão sobre o voto. É compreensível que, principalmente em decorrência da Operação Lava-Jato, parte expressiva da população esteja indignada com os políticos. São tantas e tão frequentes as notícias sobre falcatruas praticadas por governantes e homens públicos, que todos temos a tentação de generalizar. Mas os políticos não nasceram políticos. Saíram da sociedade. Têm, portanto, as mesmas virtudes e defeitos das pessoas que a compõem.
Ainda que a atividade política, da maneira como é exercida em nosso país, seja um convite ao desvirtuamento, o que nos cabe fazer é corrigi-la, fiscalizando nossos representantes e exigindo que as instituições cumpram suas atribuições. Ao mesmo tempo em que a Lava-Jato evidencia a roubalheira, também aponta para a responsabilização dos desonestos, com processo, prisão e devolução dos valores desviados.
Por isso, é imprescindível que usemos o nosso voto para escolher bem os governantes e os legisladores que farão e executarão as leis. Alguns talvez traiam a nossa confiança. Mas também haverá aqueles que honrarão a representatividade que lhes estaremos concedendo, até mesmo porque todos, os bons e os maus, continuarão expostos ao nosso julgamento permanente e ao vestibular das urnas.