Deflagrado ainda no final do ano passado, o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff reafirmou a solidez das instituições brasileiras, mas acabou contribuindo para descontinuar o andamento de questões políticas e econômicas emergenciais, justamente no momento em que o país enfrenta uma crise sem precedentes. Por isso, é preciso que a conclusão do julgamento no Senado seja vista como a comprovação tanto da capacidade de o país enfrentar suas crises políticas quanto da necessidade de urgência para encarar providências em relação às quais é preciso agora recuperar o tempo perdido.
A crise política, que se arrasta praticamente desde a divulgação dos resultados das eleições presidenciais e se acirrou ainda mais a partir de abril, com a aprovação do relatório recomendando a abertura do processo de impeachment, vem impedindo o país de agir em frentes essenciais. A paralisação é mais visível em questões que dependem do aval do Congresso. É o caso, neste momento, da proposta de emenda constitucional (PEC) impondo mais rigor ao aumento de despesas governamentais, restringindo-o à inflação do ano anterior.
É importante que, concluído um processo de consequências tão amplas como o de impeachment, o país possa retomar uma agenda adiada continuamente. Dessa pauta, fazem parte tanto as reformas estruturais quanto a política, sem as quais a crise econômica pode se agravar ainda mais, ou até mesmo se mostrar irreversível.