Notícias diariamente veiculadas nos meios de comunicação desde o ano de 2015 dão conta de um país revendo seus conceitos e, mais do que isso, reavaliando os critérios e métodos até aqui sempre empregados na administração pública. Corrupção, prevaricação, desmandos, desvios de dinheiro público são objeto de notícias diárias.
Ao mesmo tempo, o país nunca viveu um período de incentivo maior aos meios de controle externo com ampla liberdade de atuação. Esse controle pelos órgãos que possuem essa missão institucional, como Tribunais de Contas, Ministério Público e a própria sociedade, tem ocorrido com respaldo e vem garantindo efeitos.
Entretanto, imprescindível que se avance em uma discussão que não mais pode ser adiada na administração pública: até quando o caráter político-partidário será o único critério para a escolha de gestores no serviço público? Até quando será admitida a desimportância dada à qualificação técnica como requisito e condição para se assumirem cargos importantes na administração pública? É preciso qualificar a gestão pública!
Importante que a sociedade cobre essa postura dos gestores públicos. As funções públicas podem, sem dúvida, em determinados e excepcionais postos de trabalho, ser ocupadas por pessoas de confiança e partidariamente vinculadas, desde que detenham o conhecimento técnico para o exercício daquela importante função. O combate à corrupção se faz com um Estado forte e, acima de tudo, formado por servidores de carreira capacitados e cargos de confiança igualmente preparados tecnicamente. Trata-se de um direito do eleitor, do cidadão.
O servidor público, visualizando-se por outra seara, que fez do servir ao público sua carreira e por isso prestou concurso público, também merece ser chefiado e liderado por pessoas tecnicamente capacitadas, sob pena de se frustrar uma possibilidade de correção e precisão na implementação de projetos e políticas públicas.
Temos o dever de olhar para o futuro das nossas cidades, Estados e país e desenvolver instrumentos capazes de garantir crescimento e o enfrentamento desta e de outras crises que virão. Esse é um desafio que demanda conhecimento, qualificação e preparo. Às vésperas de um processo eleitoral, é preciso que se exija dos futuros gestores, que serão legitimamente eleitos para cargos políticos, esse compromisso com a coisa pública, sob pena de se vislumbrar, em breve, a falência total do Estado brasileiro e, por consequência, a nossa falência enquanto sociedade e nação.