Candidatos com recursos materiais escassos e regras rigorosas diante de cidadãos mais céticos e mais exigentes marcam o início de um período de campanha eleitoral mais curto que antecede a eleição de prefeitos e vereadores para cerca de 5 mil municípios brasileiros. Neste contexto, ganha ainda mais importância o eleitor, que está investido de poderes para mudar essa situação de desalento, informando-se adequadamente sobre os pretendentes a cargos públicos, fiscalizando a propaganda, acompanhando atentamente os debates e discursos, para fazer uma escolha consciente em outubro e se assegurar de que será bem representado.
Em princípio, as características atípicas do pleito deste ano tendem a facilitar as escolhas dos eleitores. Sem condições de apelar a recursos milionários que, em disputas anteriores, os transformavam em verdadeiros produtos, os candidatos precisarão se revelar mais como são de fato, dando ênfase a um diálogo mais direto com a população. O corte de verbas e a redução pela metade tanto do período de campanha quanto de exposição na televisão vão exigir atenção máxima por parte dos eleitores. É a forma de evitar arrependimentos posteriores.
O país não tinha mais como continuar mantendo um padrão de disputas eleitorais que se mostravam cada vez mais dispendiosas, em grande parte custeadas com dinheiro de corrupção. É mais do que hora de os candidatos políticos se adequarem a um novo jeito de transmitir seu recado aos eleitores. Uma mudança efetiva depende mais de programas bem definidos, criatividade e capacidade de diálogo do que de recursos tecnológicos e financeiros que não combinam com um país em crise e com tantas carências na área social.