A esperança de dias melhores para o Brasil, depois de tantas crises e revelações, estava em grande parte centrada em que os políticos passassem a ter uma visão mais séria do exercício de suas funções.
Agora, na mudança de diretoria do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), vimos que se frustra essa expectativa. Ou seja, repete-se o loteamento de cargos entre correligionários, estranhos à casa, inexperientes, sem currículos expressivos, nomeados por indicações que envolvem troca de favores, amizades pessoais etc.
Num primeiro momento, fomos ouvidos pelo partido do Ministério, e parecia que os critérios, técnico e de conhecimento da casa, predominariam, mas em entrevista na Rádio Gaúcha o ministro manifestou-se pela indicação de pessoas estranhas à instituição, com argumentos inválidos, inclusive pela comparação esdrúxula com a Santa Casa de Porto Alegre, instituição de características bem diversas.
Nós já vimos este filme várias vezes. Mesmo no PT, no poder desde 2003, não deixaram de existir as brigas de facções, indefinições das nomeações, que tardaram, às vezes, meses, e as escolhas sem nenhum critério que não fosse a política desqualificada dos grupos de influência.
Aí vieram as consequências: inchamento do quadro funcional, de pouco mais de 5 mil servidores em 2003 para 9,7 mil em 2015, sem nenhum acréscimo de produção de serviços hospitalares, fechamento de leitos, desvios de função de profissionais de saúde para assessorias de coisa nenhuma, e muito mais.
Os neófitos que vierem a assumir não contarão com nenhum apoio de parte de um corpo médico cansado desse desprezo por organização tão importante e de tanta complexidade. O que existe é a nossa disposição, não só de fiscalizar de perto, como de denunciar essa irresponsabilidade pública, a cada dia, em cada setor, debaixo que estarão de nossa constante vigilância, pois pisarão em terreno tão estranho para essas pessoas, como familiar para todos nós.
Não é mais hora para acomodação. As organizações públicas que ponteiam o processo de limpeza da corrupção transmitiram ao país uma lição que não podemos desperdiçar.