O debate sobre o projeto Escola sem Partido está crescendo cada vez mais com suas opiniões, argumentos e visões diferenciadas. Como um estudante de ensino médio, tenho particular interesse pelo tema. Não escrevo esse texto apenas para defender a minha opinião, mas também para questionar o motivo de tanto repúdio ao movimento.
Não é óbvio que um locutor esportivo não deve torcer para um determinado time durante uma transmissão? Ou que um jurado não deve dar a maior nota para um competidor simplesmente por simpatizar mais com ele? Se sim, por que, quando se trata do professor mostrando apenas um lado da moeda, a obviedade desaparece? O problema parece estar na cultura brasileira de excluir a essência política, e se concentrar no pensamento ideológico. Julgamos o jornal "x" como de direita e a revista "y" como de esquerda, e nos recusamos a ler aquilo que vai contra a bandeira que defendemos.
Importantes pensadores iniciaram seus estudos através das raízes da política, mas isso vai se perdendo na medida em que as pessoas escolhem galhos para se segurar, o que nos torna alienados em política, mas craques em pensamentos ideológicos.
Quando lemos algo como "escola sem partido", muitos indivíduos interpretam como "escola sem política". Justifica-se assim o porquê de alegações do tipo: "este projeto quer tirar a liberdade de expressão", "isto é uma manobra conservadora de impedir que os jovens aprendam política", entre tantas outras sentenças que se lê nas telas e jornais. Concordaria plenamente com tais acusações, caso o projeto quisesse realmente retirar o ensino político das salas de aula, o que parece ser um erro de interpretação.
Eu enxergo o projeto de modo diferente. Mais do que retirar a doutrinação nas salas de aula, e do que a busca pela pluralidade de ideias, o movimento é uma oportunidade de reformar o ensino político e mostrar as diversas facetas deste ramo social. Precisamos aprender o que faz um político, qual a sua função na sociedade, a relação desse com a população, entre outros ensinamentos. Não só os alunos devem ser ensinados; os próprios professores devem ser instruídos em sua formação para educar desta maneira. Precisamos de uma reestruturação política e educacional, para viver em um país cujos lados sejam mostrados, e assim, possuirmos uma população que seja alfabetizada politicamente, e não apenas ideologicamente.