Trinta dias depois de ter assumido o comando do país, em circunstâncias traumáticas provocadas pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff, o presidente interino Michel Temer tem na qualidade da nova equipe econômica o maior trunfo desse curto período. O acerto na definição de nomes incontestáveis para áreas como o Ministério da Fazenda, o Banco Central e o comando da Petrobras ainda não foi suficiente para garantir resultados favoráveis e o consequente apoio da população. E, embora o novo governo venha conseguindo aprovações importantes no Congresso nos últimos dias, a área política é justamente a responsável por uma sucessão de turbulências que, na prática, entravam avanços pelos quais o país não pode esperar mais.
Uma das razões das constantes idas e vindas de um governo interino sob constante pressão, inclusive popular, é a dificuldade de conciliar uma decisão como a redução do número de ministérios – coerente diante da crise fiscal – com a necessidade de atender a interesses de uma ampla base, em grande parte relacionados a cargos. Pesou também a opção arriscada de montar uma equipe na qual constavam figuras públicas envolvidas na Lava-Jato, o que determinou a queda de dois ministros em tempo recorde. A confiança no novo governo depende em muito da forma como essas questões serão enfrentadas daqui para frente.
O pouco tempo de gestão e a condição de interinidade do governo Michel Temer dificultam a exibição de resultados mais consistentes – e os brasileiros querem vê-los sobretudo na economia. Chagas como o desemprego nos níveis atuais têm origem em equívocos anteriores, mas o país só terá um horizonte de confiança e otimismo quando deixar essa fase, definitivamente, para trás.