A história política do Brasil é um laboratório de transições conciliadoras.
A própria independência de 1822, com conflitos, foi uma conciliação entre os interesses portugueses e brasileiros.
Da condição de Brasil Reino Unido com Portugal emergiu o Brasil independente e soberano.
A independência brasileira foi um processo que se iniciou em 1808 com a chegada da família real portuguesa e a estruturação de um sistema governativo.
A volta, em 1821, de Dom João VI a Portugal, obediente às Cortes, sela o afunilamento da primeira transição.
As Cortes constituintes portuguesas, libertárias para Portugal, foram opressivas para o Brasil.
Dom João VI designara o príncipe Dom Pedro como regente.
As Cortes anularam a designação, determinaram que o príncipe voltasse para a Europa, além de extinguirem tribunais e repartições no Brasil.
Foi um conjunto de medidas visando à recolonização do Brasil.
Lisboa procurou entendimento com as províncias brasileiras para evitar a unificação do Brasil.
Das províncias brasileiras, São Paulo, liderada por José Bonifácio, queria a união do Brasil, sob a chefia do príncipe.
As províncias do Grã-Pará e Bahia se submeteram a Lisboa, o mesmo, com alguma diferença, dava-se com Alagoas, Sergipe e Paraíba.
Ceará e Pernambuco queriam distância do príncipe.
José Bonifácio manobrou pela permanência do príncipe no Brasil.
Era a rebeldia contra Lisboa.
Veio o "Dia do Fico", de janeiro de 1822.
Foram superados dissensos sobre projetos para o Brasil,
A futura imperatriz Leopoldina, a quem o Brasil deve muito e a esqueceu, e José Bonifácio persuadiram Dom Pedro para o desligamento total com Portugal.
Chega o 7 de setembro de 1822.
Houve conflitos, mas, ao fim, todas as províncias se uniram em torno do Rio de Janeiro.
A manutenção da unidade brasileira, o que não ocorreu com a América hispânica, deve-se ao casal real, em especial, a Imperatriz, e ao gênio de organização dos Andradas.
A América portuguesa, embora com conflitos armados, foi obra de forças civis.
A América espanhola foi produto de forças militares.
Nossa memória recai em Dom Pedro, José Bonifácio, Martins Francisco, Gonçalves Ledo e outros.
Todos civis.
A América hispânica reverencia generais – San Martin (Argentina); Artigas (Uruguai); O'Higgins (Chile); Bolívar, Santander e Sucre (Venezuela), dentre outros.
Todos militares.
Dá para pensar!