Protestos como os intensificados na última semana em parte do Estado, com ênfase na Capital, são legítimos numa democracia e até previsíveis num país polarizado por divergências políticas, potencializadas com o avanço do impeachment e a troca de governo em âmbito federal. Ainda assim, precisam respeitar determinados limites que, quando ultrapassados, interferem em direitos consagrados da sociedade, além de ameaçarem a integridade de terceiros e do patrimônio público e privado.
Sempre que o bom senso deixa de ser levado em conta, resta à autoridade policial agir na defesa do interesse público, o que inclui até mesmo a desobstrução de vias. Foi o que ocorreu na última sexta-feira, quando representantes da área de segurança tentaram negociar a liberação de avenidas bloqueadas. Diante da negativa dos manifestantes, acabaram recorrendo ao protocolo acertado com a prefeitura para atuação nesses casos.
A interdição de vias é uma violência contra o direito de ir e vir e a liberdade de movimentação de quem não participa desse tipo de protesto. A manifestação de sexta-feira teve o agravante de não informar o roteiro, dificultando desvios de tráfego. Quando não há a preocupação de atender a esse pressuposto básico em qualquer protesto, as autoridades só podem concluir que o objetivo é produzir o máximo de caos possível no trânsito.
Evidentemente, a ação policial não deve ser desproporcional, até mesmo para que se justifique e seja reconhecida pela população. Pedras contra prédios e agressões a jornalistas, porém, são violências que não deveriam ser toleradas pelos próprios líderes dos protestos. Quando isso ocorre, fica evidente a falta de argumentação dos manifestantes, desqualificando a própria razão de ser desses atos.