Fui filiada ao PT desde 1983. Fui secretária de Educação de Porto Alegre no governo Olívio Dutra, de 1989 a 1992. Fui deputada federal durante dois mandatos pelo PT do RS de 1995 a 2002. Tentei fazer com que o governo Lula alfabetizasse os 50 milhões de analfabetos adultos e, aos seis anos, alfabetizasse todas as crianças de escolas públicas, como ocorre com aquelas de classes média e alta. E não consegui. Portanto, tenho, na carne, motivos de sobra para criticar o PT.
No entanto, agora não se trata de defender o PT. Trata-se de defender a democracia que está seriamente ameaçada, sendo ela um tesouro valiosíssimo.
Buscar o impeachment da Dilma já é um ato antidemocrático, pois ela teve a maioria dos votos na eleição. Há que se aguentar quatro anos.
Porém, quem pressiona pelo impeachment? A mídia, especialmente a Rede Globo, os empresários e pessoas de dinheiro, alegando como motivo principal a corrupção. Ora, tirar a Dilma pra botar quem, que não seja corrupto? A corrupção tem que ser combatida, mas não associada unicamente à Dilma e ao Lula. E tem que ser combatida respeitando as leis. As leis são o baluarte da democracia.
Condução coercitiva de Lula para prestar depoimento e vazamento de ligações telefônicas é nitidamente desrespeito às leis vigentes no país. Isto é absolutamente insuportável, a quem sabe o que é um governo de arbítrio.
Além disso, quem pressiona pelo impeachment? Quem gosta do trabalho de pobre. Para quem, pobre não é igual a rico, pobre é pobre. Não precisa se alfabetizar, não precisa comer bem, não precisa viajar (ah! que nojo, pobre em avião, viajando), não precisa ter acesso às universidades e muito menos ir estudar no Exterior, pelo Ciência sem Fronteiras... Como isto, queiramos ou não, os dois governos de Lula e Dilma indiscutivelmente começaram a fazer, irrita os que não incluem pobres como verdadeiros cidadãos, iguais a nós.
Por isso, eu fui à manifestação de sexta e me esforçarei para dialogar respeitosamente com parentes e amigos do Facebook e fora dele, a fim de enriquecer as bases das posições de cada um.