As transformações provocadas na sociedade pelas redes sociais já foram tema de inúmeros estudos e debates. Em sua maioria, esses trabalhos destacam a forma como a sociedade passou a se organizar e o tamanho dos reflexos que esse terreno eletrônico permitiu aos cidadãos. Mas alguns deixam em aberto algumas perguntas: O que pretendemos com isso? Qual a sociedade que queremos construir? Como uma minoria influencia e atrapalha uma maioria?
Desde meados de 2013, o transporte público de Porto Alegre se transformou não mais em um serviço prestado à população, mas em um terreno de disputas onde se conhece os vencedores temporários e se ignora os perdedores contumazes. Uma sociedade democrática, livre e capitalista pressupõe, também, que exista segurança jurídica e econômica para aqueles que decidem investir no negócio que há décadas executa: transportar pessoas.
Porém, o que vemos aqui é uma árdua busca pelo viés político que desestabiliza quem investe, quem regula e quem usufrui do serviço. Que transporte público queremos? O sistema se mantém com 33% de gratuidade? O sistema, dentro da linha ideológica de quem o questiona, comporta investimentos em veículos com mais tecnologia, com mais ar condicionado, mas com menos usuários?
O fato de ser cumprida uma decisão judicial reduzindo o valor da passagem não significa concordância com a deliberação. Houve uma licitação para o sistema, inclusive internacionalizada. As regras de execução, a partir de então, ficaram claras e publicamente definidas, estando expostas no contrato assinado com o Poder Municipal. E no estado de direito existem deveres para serem cumpridos e direitos para serem reivindicados. Para colocar o novo sistema em operação foi exigido das empresas investimentos que somaram R$ 118 milhões, valor obtido através de financiamento e que deverá ser honrado.
Esperamos que aqueles que querem ver o transporte público funcionando possam ter tranquilidade para operar. Cabe à sociedade - a licitação deixou isso garantido - fiscalizar e cobrar um serviço qualificado.