Faltando pouco mais de uma semana para o reinício das aulas na rede estadual, a perspectiva é sombria para os estudantes e para a educação gaúcha: dezenas de escolas ainda estão danificadas em consequência do temporal de janeiro, o sindicato dos professores ameaça deflagrar greve por tempo indeterminado e o preço do material escolar disparou devido à inflação. Mas o discurso dos governantes e dos políticos continua o mesmo: educação é prioridade para o Estado e para o país.
Ninguém ignora que a catastrófica situação financeira do Estado inibe investimentos na reforma dos prédios escolares e na melhoria salarial dos professores, mas fica difícil de entender que um período inteiro de férias tenha transcorrido sem que os administradores públicos e as lideranças profissionais e da comunidade escolar tenham buscado o diálogo para prevenir impasses. Agora, na antevéspera do início das aulas, fica-se sabendo que o Cpers está propondo paralisação e que o governo sequer tem um plano para a reposição salarial dos docentes.
Promessas não faltam. O secretário Vieira da Cunha assegura que o volume de recursos destinados a obras e reformas de escolas deverá dobrar neste ano em relação ao anterior, mas sequer os consertos emergenciais estão sendo realizados. Em relação a isso, também é difícil de entender o imobilismo das comunidades escolares: pode-se contar nos dedos as escolas que estão sendo reparadas por pais de alunos e ex-alunos para que os atuais estudantes não sejam prejudicados.
Num quadro desses, será bem difícil motivar a garotada para o retorno às atividades.