Antes que as pessoas julguem se está na moda ou se é irrelevante falar mal da cultura politicamente correta, é preciso fazer algumas considerações a respeito: em primeiro lugar o início do termo politicamente correto deu-se a partir da metade do século 20, quando a imprensa americana entendeu que determinadas posições que fossem levadas a público deveriam ter conotações menos radicais.
Evidentemente, ao longo das décadas, a ideia se propagou como uma praga pelo mundo todo, e algumas pessoas, mais precisamente os políticos, se abasteceriam deste artifício, no intento de não revelarem suas faces ocultas e não se exporem às críticas junto a seus eleitores.
Realmente, para os que vivem à sombra de uma fraude, tal alternativa se torna muito atraente, já que é mais compreensível maquiar e manter uma aparência de bonzinho do que dizer a verdade e pagar um preço alto demais.
Ser politicamente correto é defender causas nas quais, no fundo, não acreditamos, mas acabamos tolerando contra a própria vontade em troca de algo. É ceder às pressões internas e externas, mantendo, mesmo sem convicção, a tradição em seguir as regras do jogo. Em outras palavras, é ser previsível, dando chances de ser manipulado por sanguessugas e assessores mal-intencionados e incompetentes.
A síndrome do politicamente correto atinge principalmente aqueles que não têm coragem de tomar decisões polêmicas e que, em consequência disso, possa afetar suas imagens. Por isso, é uma mistura de omissão, egoísmo e falta de compromisso com a verdade.
A verdade que é novamente desprezada e vencida pela demagogia. O mesmo desprezo que causa a ausência de reflexão sobre a necessidade de desenvolvermos a nossa percepção e intuição para não estarmos na qualidade de reféns do comum, e vivenciarmos suas consequências.
Longe de demonstrar características inovadoras e, movidos pelo pensamento de que o sensacionalismo pode ser confundido com moral e benevolência, o exército dos politicamente corretos avança com um único intuito: aniquilar as virtudes intelectuais, permanecendo livres para estarem na berlinda a na vanguarda dos acontecimentos.